Vinte e dois anos após de parar de estudar, ainda na quarta série, a gari Gisele Graça dos Santos respirava aliviada depois de ficar o dia todo em sala de aula. Ela foi uma das mais de 1,5 milhão de pessoas que prestaram ontem, em todo Brasil, as provas do Encceja (Exame Nacional para a Certificação de competências de Jovens e Adultos).
Segundo Gisele, a iniciativa de voltar a estudar foi para garantir um futuro melhor e, quem sabe, ter uma renda a mais. “Quando era criança ninguém ficava em cima como acontece hoje com o Conselho Tutelar, por exemplo. Para ajudar em casa, comecei a trabalhar como diarista e babá e não consegui voltar”.
Agora, passados mais de duas décadas e concursada na Prefeitura de Corbélia, ela voltou à escola e disse não querer mais parar. “Se eu passar nessa prova vou ganhar mais. Parece pouco mas pra mim os cerca de R$ 150 no fim do mês faz a diferença”.
Ao lado dela, também sem estudar há mais de 15 anos, a dona de casa Izaura Gzelivck, disse que foram os filhos que a incentivaram. “Moro no sítio e lá não tem muitas oportunidades. Casei, criei meus filhos que já estão na faculdade e eles me perguntaram porque eu não voltava também. Resolvi encarar este desafio e estou bem animada a prosseguir”. Gisele e Izaura fizeram ontem as provas que equivalem ao Ensino Fundamental. Agora a meta é iniciar o Ensino Médio. “Vamos ver se vamos passar né? Temos que acertar 50% da prova, que era composta por 120 questões e a redação”, brinca Izaura.
Provas
As provas do Encceja foram aplicadas em dois turnos: pela manhã, com início às 9 horas, e a tarde, com abertura dos portões às 14 horas. Estudantes de 564 cidades do país fizeram as provas que, segundo o Governo Federal, terá o gabarito oficial divulgado até o dia 1º de dezembro. Ainda não há previsão de quando acontecerá divulgação dos resultados finais.
