Policial

Um dia depois do fim

Ontem foi dia de muito trabalho na limpeza e início da reestruturação da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel). A reportagem do Hoje News flagrou alguns móveis e a movimentação externa à estrutura dando início aos reparos.

Após uma rebelião que durou 44 horas, iniciada por volta das 15h de quinta-feira e encerrada às 10h de sábado passado, com um saldo de 28 feridos e um morto, o rescaldo do motim segue sem muitos dados oficiais.

O diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), Luiz Alberto Cartaxo, disse durante entrevista coletiva na tarde de sábado que a destruição desta vez foi menor que a registrada na rebelião de 2014, mas foi enfático em dizer que nem a imprensa ou representantes de grupos ligados aos direitos humanos, por exemplo, terão acesso à estrutura.

Sinais da destruição

Imagens enviadas ontem à reportagem mostram muitos buracos nas paredes e muita, muita sujeira. A sala de medicamentos, uma espécie de farmácia, foi totalmente revirada e as doses todas espalhadas pelo chão, destruídas. Colchões empilhados em meio a poças d´água, salas de arquivos documentais totalmente reviradas e os móveis que foram encontrados pela frente, totalmente destruídos.

Sem visitas nas penitenciárias

Ainda durante a coletiva na tarde de sábado, Cartaxo foi enfático em dizer que as visitas ficarão suspensas a todos os detentos da PEC e da PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel) até que as melhorias sejam concluídas na PEC, o que não há um prazo para ocorrer. Medida que já gera indignação nos familiares. “Meu filho não participou da rebelião, não ajudou em nada e nem queria se envolver nisso e agora vai ser castigado com os demais”, denuncia uma mãe.

Segundo o diretor do Depen, a medida é necessária para garantir a segurança e a integridade física de todos. “Só terá acesso à parte interna da penitenciária durante este período quem estiver envolvido diretamente nas reformas, os agentes e os presos que ajudarão nos trabalhos. Eles destruíram, vão ter que reconstruir”, afirmou.

Sem número de fugitivos

O número de fugitivos também não foi informado ainda. No sábado Cartaxo considerou que “alguns presos fugiram por dois tuneis” e que outras estruturas preparadas para a fuga não foram usadas. Já extraoficialmente se considera que centenas podem ter fugido. Aliás, o real motivo do motim, a que se tem notícia, foi para acobertar uma fuga em massa, descartando uma disputa interna entre facções criminosas.

O futuro dos agentes

Com um saldo de três agentes feitos reféns, dois deles feridos e todos altamente traumatizados e que deverão ficar por algum tempo afastados de suas funções, além de um déficit estadual de 1,6 mil profissionais no setor, o futuro dos agentes penitenciários do Paraná será discutido nos próximos dias.

A presidente do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), Petruska Niclevisk Sviercoski, tudo o que ocorreu foi uma tragédia anunciada, não se trata de uma obra do acaso ou uma fatalidade e que nos próximos dias o sindicato convocará uma assembleia para decidir as ações a serem tomadas contra o Estado.

E os culpados?

Já o Estado afirma que vai investigar o que deu origem à rebelião, apurar os culpados e decidir como agir. Leia-se aqui, portanto, que as possíveis falhas a serem investigadas dizem respeito à direção da penitenciária, que não muda por enquanto, ou se houve falha de serviço dos agentes. No momento em que iniciou o motim cerca de mil presos eram cuidados por 30 agentes. Deveriam estar ali pelo menos 60, segundo o sindicato da categoria.

Vale lembrar que apesar da destruição, os presos da PEC não serão transferidos todos, haverá apenas um remanejamento com a PIC e os levados para a 15ª SDP (Subdivisão Policial) voltaram à Penitenciária Estadual.