Policial

Sob risco de nova rebelião, OAB pede remoção de presos

Cerca de 500 presos dividem espaço de 300m², ou seja, passam o dia enfileirados

Cascavel – Uma pessoa em pé, de estatura mediana, ocupa cerca de meio metro quadrado. Sentada, com as pernas cruzadas, o espaço varia entre 0,8 a 1m², pouco menos de espaço que precisa para se deitar. Agora imagine uma cadeia onde cerca de 500 presos dividem 300m², ou seja, uma média de 3 presos por metro quadrado, sem saneamento adequado. Outros 200 detentos bem ao lado estão amontoados em um espaço não muito diferente. E todos, os mais de 700 homens, dividem o mesmo banheiro e tomam banho de mangueira no pátio espremido. Detalhe: eles estão nessas condições 24 horas por dia, há mais de duas semanas na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), destruída pelos próprios detentos durante 43 horas de uma violenta rebelião.

Classificando como “situação indigna”, representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasi) Subeseção de Cascavel e o Conselho dos Direitos Humanos alertaram ontem para o risco iminente de uma nova rebelião. “O calor é forte e eles permanecem de cueca o tempo todo. Tenho certeza de que se fossem mostradas essas imagens à sociedade abraçaríamos essa causa e bateríamos na porta do governador falando: ‘precisamos tomar uma medida urgente’”, desabafou o presidente da OAB, Charles Daniel Duvoisin.

Essa é a primeira visita formal que as entidades fazem após a rebelião e só ocorreu após a insistência dos familiares, que pedem notícias.

Diante do que viram no interior do presídio, a OAB pediu a imediata transferência dos presos. O juiz da Vara de Execuções Penais, Paulo Damas, acompanhou rapidamente a visita e, segundo Duvoisin, acenou para que a liberação de 50 vagas na PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel).

A própria direção da PEC já sinalizou com a possibilidade de que até sexta-feira vai liberar mais um espaço para uma transferência interna.

Segundo o advogado, parecer haver resistência da Secretaria de Segurança Pública do Paraná para a transferência dos presos. “A gente percebe que, por eles, isso não ocorrerá, mas faremos pressão e já oficiamos órgãos competentes e esperamos trabalhar com o Poder Judiciário e a Defensoria Pública e a Promotoria para que os presos sejam alojados em outra unidade prisional”.Apreensão também do lado de fora

Desde o início da rebelião, dia 2 de novembro, familiares acompanham do lado de fora da PEC, à espera de notícias. Ontem, manifestaram indignação com cartazes.

Durante entrevista à imprensa, o presidente da OAB Cascavel, Charles Daniel Duvoisin, disse aos familiares que os presos estão recebendo comida e que não foram vistos presos feridos.