Política

Sob pressão, não há negociação

 

Diante de críticas da terceirização do serviço de zeladoria, o Executivo municipal declarou ontem em reunião na Câmara de Vereadores que “sob pressão não haverá negociação”. A declaração compactuada por Edson Zorek, secretário de Planejamento e Gestão, e Márcia Baldini, secretária de Educação, foi repetida no plenário em discussão com parlamentares, funcionários públicos e Sismuvel (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cascavel).

As vaias de servidores tendem a interromper avanços salariais aos que se mantêm no cargo (1,2 mil zeladores) – direitos que seriam debatidos em uma reunião hoje, às 14h, no gabinete do prefeito Leonaldo Paranhos (PSC).

Para terceirizar o serviço, a prefeitura depende da aprovação do projeto que extingue o cargo de zelador na Educação. Devido ao apelo do Município, ele deve ser votado na semana que vem. Hoje, segundo coordenadores de Cmeis, a situação é de defasagem do quadro de servidores, tanto que professores ajudam na limpeza das salas. Se não houver aprovação do projeto, a promessa é de fechamento de unidades. “Estamos em uma situação crítica e nossa preocupação é com a saúde das crianças. Não temos como ficar nessa condição que se mantém desde agosto”, explica a coordenadora do Cmei do Bairro Guarujá, Melânia Sodeiro.

Servidores públicos estiveram no plenário e se manifestaram contrários à decisão da prefeitura. Pelo levantamento da Secretaria de Educação, faltam cerca de 200 zeladores para atender os Cmeis. O objetivo é terceirizar primeiro a zeladoria dos Cmeis – o que vai demandar a contratação de uma empresa por R$ 9 milhões pelos próximos 12 meses -, depois as escolas e chegando aos serviços da saúde.

Para o presidente do Sismuvel, Ricieri D’Stefani Júnior, não há urgência na aprovação do projeto: “O processo é lento. Falta a licitação. As empresas podem apresentar recursos. Este ano não terá contratação. Não teremos uma solução este ano”.

As manifestações rejeitando a terceirização levaram o secretário de Planejamento a declarar que os funcionários foram instruídos pelo Sismuvel, que um dia antes havia concordado com a medida. “Estamos falando de uma questão legal. Ontem conversamos e já estava definido. O discurso do Sindicato mudou. O presidente terá que provar onde está o prejuízo e será responsabilizado. O Executivo não vai trabalhar sob pressão”, declarou.

Os zeladores recebem hoje um salário mínimo (R$ 954). Os concursados não têm risco de demissão. No entanto, a categoria quer avanços salariais e condições para se manter nas unidades onde atuam. “A rotatividade e o elevado número de licenças médicas ocorrem devido à sobrecarga de trabalho. Tem que melhorar a carreira”, defende o vereador Paulo Porto (PCdoB), presidente da Comissão de Educação da Câmara.

Reportagem: Josimar Bagatoli