Cotidiano

RETROSPECTIVA 2017: Das promessas à realidade

Uma série de reportagens do Jornal O Paraná revela que, nos seus 11 anos de governo, Beto Richa prometeu muito e fez pouco. Após um amplo levantamento do plano de governo registrado em cartório ainda na campanha à reeleição de 2014, praticamente nada do que foi prometido foi cumprido. Em alguns casos, houve graves retrocessos, a exemplo da geração de emprego, no qual, em vez de gerar os 400 mil novos postos de trabalho prometidos, deixou um saldo negativo de quase 100 mil.

Havia ainda a expectativa de construção de 20 presídios (não entregou nenhum), contratação de mais de 10 mil policiais (não chegou a 3 mil o total de convocados), duplicar 750 quilômetros de rodovias (ninguém sabe ao certo quanto o governo duplicou, porque a maior parte foi feita pelas concessionárias conforme previsto em contrato), dentre uma série de outras promessas.

Uma das situações mais graves é com a educação. Salvo pela redução histórica do número de matrículas na rede pública, Beto anunciou corte total do ensino em tempo integral para ano que vem por falta de dinheiro, e é pivô de um dos maiores escândalos do Estado, na chamada Operação Quadro Negro, que revelou um esquema de desvio de recursos a partir de medições incorretas em escolas feitas pela metade ou nem mesmo iniciadas.

Além disso, seu ajuste fiscal para conseguir manter a folha foi quase todo feito em cima de reajuste de impostos e antecipação de receita de 2018, o que, certamente, vai comprometer o caixa para o ano que vem e para quem assumir o governo a partir de 2019.

Pecuária leiteira

Numa das mais severas crises da pecuária leiteira, agravada pela intensa importação de leite em pó uruguaio, produtores de leite tiveram de vender o rebanho para poder pagar as contas.

Demarcação de terras indígenas

A retomada do processo de demarcação das terras indígenas entre Terra Roxa e Guaíra levou a população para as ruas, em dois protestos, em ambas as cidades.

Em outubro, a Justiça atendeu a um pedido do Ministério Público Federal e retomou o processo de demarcação, que pode inviabilizar as duas cidades, já que atinge boa parte da área rural e urbana.

Reforma da Previdência

Um dos temas que dominaram o noticiário em dezembro foi a Reforma da Previdência. O Governo Michel Temer trabalhou intensamente em busca de votos suficientes para passar a reforma na Câmara ainda neste ano, mas se deu por vencido e a votação ficou para fevereiro do ano que vem, mesmo após a elaboração de um texto mais enxuto.

Um levantamento divulgado pelo Jornal O Paraná revelou que, nos últimos 15 anos, os gastos com a previdência cresceram o dobro do que a arrecadação dos municípios, antecipando a falência do sistema.

A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) encampa emenda do deputado federal Alfredo Kaefer que protege os interesses dos municípios brasileiros. Pela emenda, as alíquotas dos entes locais não precisam estar vinculadas à definida pela União, já que a realidade de ambos é muito diferente. Todos os municípios juntos, por exemplo, têm um déficit que totaliza menos de um décimo do exposto pela União.

US$ 235 milhões ao Paraná

Com apoio da bancada paranaense, o governo do Paraná consegue aval do Senado para assinar empréstimo de US$ 235 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com contrapartida estadual de US$ 200 milhões, totalizando, em reais, algo próximo a R$ 1,4 bilhão, recursos que deverão ser aplicados em obras de infraestrutura.

Greve dos agentes fiscais

Deflagrada ainda em 1º de novembro, a greve dos agentes fiscais em todo o País devido ao não cumprimento do pagamento de diferenças salariais prometidos pelo presidente Michel Temer provoca prejuízos de mais de meio bilhão de reais na fronteira entre Brasil e Paraguai, devido à demora na liberação das cargas na Eadi (Estação Aduaneira do Interior), além de longas filas.

Alerta máximo

Os baixos LirAas deixou o País relativamente confortável com relação à presença do mosquito Aedes aegypti, mas técnicos do setor alertam para o risco disso. E com razão. Em dezembro, os registros de dengue e febre chikungunia na região oeste do Estado colocam todos em alerta, especialmente devido às chuvas, que ajudam na eclosão dos ovos do mosquito e na consequente expansão.

Rodovia da Morte

O apelido dado à BR-277 entre Cascavel e Foz do Iguaçu volta a fazer jus. Por anos, a Rodovia da Morte foi palco de sangrentos acidentes e demandaram intensas campanhas de duplicação da rodovia, que até hoje não aconteceu.

Mas a ocorrência de duas colisões em uma semana, desta vez na chamada Curva da Morte, em Céu Azul, voltou a unir a comunidade e causou um clima nacional de comoção. Em uma semana, três pessoas morreram num acidente. Uma semana depois, cinco estudantes da Unila perderam a vida, no mesmo local. Autoridades deram início a um abaixo-assinado pedindo a revisão do trecho e, claro, cobrando novamente a duplicação da rodovia, que até chegou a ser uma demanda quando da concessão do trecho para a Ecocataratas, 17 anos atrás, mas a obrigação foi retirada do contrato e nenhuma autoridade pública voltou a insistir no assunto.