Policial

Retaliação ou reeducação?

Diferentemente do que acontece todos os meses, a reunião do Cogestp (Comitê Gestor de Segurança Pública) de Cascavel, realizada na sexta-feira (15) foi a portas fechadas e sem acesso à imprensa. Em pauta estaria a situação dentro da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) pós-rebelião.

O momento mais polêmico, conforme três fontes ouvidas pela reportagem do Hoje News em situações distintas, foi a fala do ex-diretor da Penitenciária e representante do Patronato, ligado ao Depen (Departamento Penitenciário do Estado), Ari Batista, que teria dito que “o Governo trabalha com duas frentes para com os presos: a resocialização e a retaliação. Agora estamos agindo com a retaliação e ninguém vai intervir”, se referindo a um pedido do Ministério Público de Cascavel para o Governo, solicitando providências.

A reportagem entrou em contado com Ari, questionando a respeito de seu posicionamento. Segundo ele, durante a reunião fez uma explanação sobre o histórico do Depen e que, em momento algum, usou a palavra retaliação. “Faço parte do patronato que defende a resocialização e citei que agora os presos estão em um processo de reeducação”.

Reeducação

Questionado em relação ao que seria esse “processo de reeducação”, Ari disse que é quando os agentes orientam o indivíduo através do cumprimento da pena. “Eles estão arrumando o que fizeram. O momento em que estão no pátio é reeducação. Está duro sim, mas é um processo que todos têm que passar”.

Referente à citação do servidor público durante a reunião do Cogesp, a reportagem questionou o representante dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) subseção de Cascavel, Marcelo Navarro. Segundo ele, a fala “é uma irresponsabilidade”. “A pessoa falar que o Estado trabalha com retaliação, negando a igualdade entre as pessoas, voltamos ao chamado superestado, que nada se opõe e nada pode ser feito. Quando vemos um gestor trabalhando no sistema, ignorando os meios, sabendo do efeito, que está tendo retaliação, é pra lá de nazista, um retrocesso completo”.

Amontoados

Cabe ressaltar que, conforme publicado na edição de ontem do Hoje News e em outras oportunidades, os presos estariam de cuecas, amontoados em pátios, sem assistência por parte do Estado. Porém, conforme o Depen, os detentos estão aos poucos sendo encaminhados aos cubículos e recebendo tudo o que é previsto em lei.