Cotidiano

PTI no campo: iniciativas promovem sustentabilidade

Foz do Iguaçu – Intensa e fundamental, a agricultura é uma das principais atividades dos seres humanos ao longo das civilizações. Com o passar dos séculos, o setor evoluiu e busca, na modernização, novas formas de cultivo que minimizem os impactos negativos causados ao meio ambiente. Neste cenário, o PTI (Parque Tecnológico Itaipu) desenvolve parcerias para aplicação e aperfeiçoamento de técnicas conservacionistas de plantio como o SPD (Sistema Plantio Direto), além do monitoramento do uso de agrotóxicos na Bacia do Paraná 3.

O Sistema Plantio Direto é um método sustentável de manejo do solo no qual o plantio é efetuado sem as etapas do preparo convencional da aração e da gradagem. Nesse formato, é necessário manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. A atividade possui três características: rotação de culturas, cobertura permanente e pouca movimentação do solo.

Desde 2009, o PTI atua em conjunto com a Itaipu Binacional e a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha no desenvolvimento de uma metodologia participativa denominada Índice de Qualidade Participativo do Sistema Plantio Direto (IQP), com o objetivo de qualificar o Sistema gerando relatórios para nortear os produtores a efetuar melhorias pontuais em 226 propriedades de oito microbacias da BP3 (Bacia Hidrográfica do Paraná 3).

O PTI também foi responsável pelo desenvolvimento da Plataforma Web – Sistema Plantio Direto. Com a tecnologia, é possível calcular o IQP de cada propriedade rural registrada, com base em um cadastro e parâmetros de qualidade de manejo do solo. Um dos destaques é a visualização geográfica das informações em um mapa interativo.

Recentemente, cinco cooperativas regionais assinaram protocolo de intenções com Itaipu, PTI e FEBRAPDP que prevê a ampliação da participação dos seus associados no Índice de Qualidade Participativo do Sistema Plantio Direto. O compromisso firmado permite que os parceiros tenham acesso aos 42 mil produtores que são associados às cooperativas que aderiram ao protocolo.

Monitoramento de agrotóxicos na Bacia do Paraná

Outra vertente importante da agricultura está relacionada ao uso de agrotóxicos, cuja aplicação pode causar acúmulo de resíduos químicos nocivos na água, no solo e no ar. Buscando analisar as concentrações de dois tipos de agrotóxicos mais usados na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 – o glifosato e a atrazina – a Itaipu, a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e o PTI se uniram no desenvolvimento do projeto “Micropoluentes em águas superficiais da BP3”.

As análises de agrotóxicos foram realizadas nas instalações do Laboratório de Cromatografia, que faz parte do Laboratório Multiusuário Engenheira Enedina Alves Marques, instalado no PTI. O grupo de pesquisa contou com a participação de quatro bolsistas de iniciação científica da Unila, estudantes de mestrado ligados a universidades públicas de São Paulo, Rio Grande do Sul e do Paraná, além de bolsistas de iniciação científica que avaliam os parâmetros físico-químicos e os ensaios de toxidade em águas superficiais. As oito bolsas de estudos foram custeadas pelo Parque.

A partir das pesquisas desenvolvidas pelo projeto foi possível mapear as concentrações de glifosato e a atrazina na BP3 e conhecer o “comportamento” desses dois micropoluentes, especialmente no solo.

PTI desenvolve sistema para modernizar agricultura

Foz do Iguaçu – Um projeto do PTI (Parque Tecnológico Itaipu) pretende modernizar e aumentar a produtividade da agricultura regional por meio da Internet das Coisas (IoT). A intenção é levar conectividade aos equipamentos e aperfeiçoar as técnicas da agricultura de precisão. Com isso, os pequenos agricultores poderão coletar, monitorar e aplicar dados em uma área de cultivo específica, a fim de garantir melhores resultados.

A iniciativa está sendo desenvolvida no Parque por intermédio do Celtab (Centro Latino-Americano de Tecnologias Abertas). A proposta surgiu a partir de uma demanda da Itaipu Binacional de automatização do Smec (Sistema de Monitoramento de Estações Climáticas) da usina, que também está sendo executada pelo Celtab.

Segundo o gerente do Celtab, Miguel Diogenes Matrakas, atualmente a aquisição dos dados das estações meteorológicas da Itaipu é realizada empregando um processo que não está completamente automatizado sendo, em alguns casos, necessário o deslocamento de um técnico até o local para verificar a unidade.

Expansão

Os pesquisadores do Celtab enxergaram potencial de ampliação da solução que está sendo desenvolvida para a Itaipu, desde a transmissão de dados de estações meteorológicas ao armazenamento e acesso de dados de outros aspectos da produção no campo, de acordo com o coordenador do Laboratório de IoT do PTI, Rolf Massao Satake Gugisch. Os dois projetos são desenvolvidos com base nos conceitos já explorados no laboratório, inaugurado em 2017, onde são feitas pesquisas e desenvolvimentos relacionados a dispositivos conectados à rede de internet.

Conforme Rolf, o projeto, denominado “Smart Farm” (traduzido do inglês como “fazenda inteligente”), que pretende modernizar a agricultura na região, será apresentado às cooperativas. “De acordo com a matriz mercadológica da região oeste, sua base é inteiramente agrorrural. A partir disso, existem diversas cooperativas associadas ao PTI que podem tornar-se alvos estratégicos dessa proposta”, pontua Rolf. A iniciativa conta com a parceria da Unioeste.

Conexão

A intenção é criar um sistema que conecte as estações das propriedades rurais da área de atuação da Itaipu, mesmo nos locais em que não há sinal de celular. O coordenador ressalta que essas propriedades já fazem uso de técnicas associadas à agricultura de precisão, que reúne tecnologias de orientação e monitoramento da gestão da área de plantio. A aplicação é feita por meio da programação de máquinas como colheitadeiras de precisão, que se baseiam em sistemas de rastreamento e navegação (GPS), além da geração de mapas de produtividade.

Próxima etapa

A próxima etapa do projeto, conta Matrakas, envolve a fabricação de estações de baixo custo, baseadas na tecnologia já utilizada na Itaipu, para uso em pequenas propriedades da região oeste. Três estações, duas pertencendo ao projeto voltado à Itaipu e uma ao da Unioeste, já estão em funcionamento, instaladas na área do Parque.

“Essas estações em teste já estão fornecendo dados que validaram a viabilidade do sistema. Com elas, é possível ter diferentes redes de coletas de dados que podem ser aplicadas ao monitoramento das alterações climáticas dentro da usina, como para um sistema voltado especificamente à agricultura”, ressalta o gestor.

O primeiro modelo teste da estação de baixo custo foi instalado em uma área rural pertencente à Unioeste, em Céu Azul, no fim de abril.