Cotidiano

Projeto usará traçado antigo da Ferroeste

Edital para escolha da empresa responsável pelo Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental será lançado no dia 28

Curitiba – O presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin de Araújo, adiantou ontem ao Jornal O Paraná algumas informações a respeito do novo projeto da ferrovia. Segundo ele, a linha tronco de mil quilômetros de extensão ligando Paranaguá (PR) a Dourados (MS) contemplará 750 quilômetros de novos trilhos. Os 250 quilômetros restantes será reaproveitados com base no traçado do ramal da Ferroeste já existente entre Cascavel e Guarapuava. Os novos trilhos a serem implantados a partir dos já existentes em Cascavel farão a ligação até a cidade de Guaíra.

O presidente da Ferroeste admitiu a injeção de recursos para a modernização do terminal de carga e descarga em Cascavel, melhorias condizentes com o novo projeto a ser colocado em prática pela concessão vencedora. De acordo com estudos preliminares, no trecho correspondente à Ferroeste há previsão apenas de obras no percurso conhecido como Erveira, na região de Nova Laranjeiras, por conta da sinuosidade topográfica.

Estudo

O EVTEA (Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental), cujo edital será lançado dia 28 de novembro em São Paulo, deve custar R$ 25 milhões. O evento na capital paulista contará com a presença dos governadores do Paraná, Beto Richa, e do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja. Vale lembrar que em recente entrevista o governador do Paraná, Beto Richa, estimou investimentos de R$ 10 bilhões para a realização do novo traçado.

Passo a passo para a definição das empresas

Os R$ 25 milhões estimados para a realização do estudo de viabilidade do novo traçado da Ferroeste serão desembolsados pela empresa vencedora do certame do dia 28, que, por sua vez, será reembolsada pela empresa vencedora da licitação para a realização efetiva das obras.

A partir da publicação do edital para escolha do grupo responsável pelos estudos técnicos, abre-se um prazo de 60 dias para os interessados se manifestarem. A partir da assinatura do contrato, a empresa responsável pelo EVTEA terá um prazo de 270 dias para realizar e apresentar o levantamento. A estimativa é de iniciar os trabalhos de campo em fevereiro do próximo ano.

Com os estudos em mãos, o governo do Paraná abrirá um novo processo licitatório, desta vez para definir a concessão que realizará as obras de ampliação em todo o percurso. “Somente nesta etapa vamos poder falar sobre novos prazos a serem respeitados seguindo o que preconizará o edital”, adianta João Vicente, presidente da Ferroeste.

Ele revela que, antes mesmo de o edital de construção ser lançado, já há várias concessões interessadas não só do Brasil, mas de outros países.

João Vicente diz que o momento é focar as atenções neste projeto e não pensar na abertura de novos ramais de extensão, como até Foz do Iguaçu, por exemplo. “Vamos poder escoar a produção do Paraguai usando os trilhos que vão chegar até Guaíra devido à sua proximidade com o país vizinho”, disse. “Não adianta fazer 30 milhões (sic) de ramais e não conseguir sair do lugar. Precisamos agora avançar com esse novo projeto”, destacou João Vicente. “Primeiro, vamos pensar nessa linha ligando Dourados a Paranaguá, e somente depois de pronta, planejar outros braços da ferrovia até Campo Mourão, Francisco Beltrão ou Pato Branco”.

Para o presidente da Ferroeste, só será possível definir o melhor a ser feito com base nos estudos técnicos a serem realizados.

 

GARGALOS

Paranaguá recebeu só 9 mi de ton pelos trilhos

Paranaguá – Das 45 milhões de toneladas de grãos que desembarcaram neste ano no Porto de Paranaguá, 36 milhões de toneladas foram por transportadas por caminhões e apenas 9 milhões de toneladas pelos trilhos. As cargas que saíram do oeste do Paraná via ferrovia com destino ao porto representam apenas 1% desse total, ou seja, 500 mil toneladas.

Para se ter uma ideia de quanto ainda é preciso evoluir em torno da criação de um polo modal férreo eficiente, 37% de tudo o que chega ao Porto de Santos vai pelos trilhos, o dobro do que o Paraná transporta nesse sistema até chegar a Paranaguá. Em relação ao Porto de São Francisco do Sul (SC), 39% de toda a movimentação é procedente dos municípios paranaenses.