Policial

PF pede transferência de pelo menos 30 líderes do PCC

Eles estão presentes em todas as regiões do Estado com a missão de comandar o crime e promover o terror

Catanduvas – O detento transferido na última sexta-feira da Penitenciária Estadual Londrina para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas faz parte de um grupo de ao menos 30 outros presos cujo pedido de transferência já está nas mãos da Justiça. A ação da Delegacia da Polícia Federal de Cascavel visa frear o avanço do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do seu comando dentro e fora das unidades prisionais estaduais. Há um mês, outro detento, considerado líder da facção, foi transferido da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) também para Catanduvas.

Segundo o apurado com exclusividade pelo Jornal O Paraná, esses presos têm grande poder de decisão e influência fora da cadeia e estão espalhados por todas as unidades prisionais do Estado. A Polícia Federal já solicitou à Vara de Execuções Penais de Curitiba que eles sejam levados para os presídios federais – Catanduvas, Mossoró (RN), Porto Velho (RO) ou ainda Campo Grande (MS). Esse processo vem sendo feito de forma sigilosa e sob forte esquema de segurança, já que há o risco de haver tentativa de resgate durante as transferências.

O objetivo é para que todos sejam removidos das unidades onde estão o mais rápido possível para neutralizar as chamadas “cadeias de comando do crime organizado”, na tentativa de minimizar ao máximo a comunicação desses presos de dentro para fora da prisão.

A ação da Polícia Federal interrompe um plano audacioso do grupo criminoso que tinha como meta ter presença ativa de seus líderes em todas as unidades prisionais por todo o Paraná, sobretudo no interior. A presença desses líderes facilita inclusive o controle econômico do PCC. Isso porque a facção corre contra o tempo para se capitalizar e hoje registra alta inadimplência entre seus integrantes que pagam “cebola”, a contribuição mensal para manter as ações do grupo.

Voz do comando

Outra grande função desses líderes – chamados dentro da cadeia de “jets” – é a voz do comando de todo o grupo. Em contato com a coordenação-geral da facção na capital do Estado, lembrando que hoje o Paraná é a segunda maior casa do PCC, eles são responsáveis por dar as ordens em suas áreas de atuação.

Aqui entraria, inclusive, as determinações, ou na gíria da cadeia o “salve” para “virar as cadeias”, ou seja, iniciar rebeliões. Uma série delas vem sendo organizada para os próximos meses com a aproximação do aniversário da facção, já tratada como célula terrorista por algumas forças de segurança. Em 31 de agosto deste ano o PCC comemora 25 anos de criação.

Atentados, mortes, roubos e rebeliões na agenda

Somado às rebeliões que se tenta frear com as transferências desses presos, vem ainda uma série de atentados em articulação. Entre elas, estão na lista da facção ataques a Fóruns em toda a região para a recuperação de armas, roubos a caixas eletrônicos e mortes de profissionais da área de segurança, como agentes penitenciários, policiais federais, delegados, juízes e procuradores.

O preso transferido na última sexta-feira e que está detido há dois anos faz parte de um dos braços da grande empresa que o PCC se transformou, sendo o responsável pela captação de recursos com o tráfico de drogas, de armas e de munições e roubos a bancos.

Ele não teria envolvimento direto com a articulação da morte de agentes penitenciários de Catanduvas. Esse tipo de “serviço” costuma ser feito pelo outro braço do bando, o chamado “restrito”. Pertencem a esse grupo aqueles preparados para operacionalizar os atentados à vida. Na operação realizada pela Polícia Federal há um mês, chamada Dictum, pelo menos dois integrantes do “restrito” foram presos.

Como desdobramentos dessa operação foram presas mais duas pessoas na semana retrasada, um homem e uma mulher. A reportagem apurou que a mulher foi presa enquanto tentava fugir logo após saber de sua prisão.

Administração Penitenciária

A reportagem enviou uma série de questionamentos à Secretaria de Administração Penitenciária que se limitou a responder que “trata-se de uma investigação federal, o Departamento Penitenciário do Paraná está ciente e auxiliando no que for necessário, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas”.

Acompanhe as o áudio de escutas feitas pela Polícia Federal com autorização da justiça. São conversas entre membros da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Os áudios foram cedidos pela Polícia Federal:

 

Telefonema PIRLO e RENEGADO

 

 

Telefonema PRESO e GREGO

 

 

Telefonema PONTO 30 e MINI

 

 

Telefonema PIRLO e MENOR