Cotidiano

Oeste se mobiliza para contestar dados do Ipardes

Levantamento paralelo feito pela Amop será concluído em uma semana

Matelândia – A Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) já iniciou um trabalho próprio para avaliação econômica das cidades, contagem de habitantes e projeção populacional para os próximos anos. O objetivo é confrontar os dados apurados pela entidade com os divulgados neste mês na projeção feita pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social). Nela, 33 cidades do oeste, ou seja, 66% do total de 50, teriam menos habitantes em 2040 do que têm hoje.

Segundo o presidente da Amop e prefeito de Matelândia, Rineu Menoncin, o Teixeirinha, essa pode até ser uma realidade para algumas pequenas cidades da região, mas não é para a maioria delas. “Pelo que já pudemos apurar, há alguns furos na estatística [do Ipardes] e algumas realidades da região não batem com a projeção. É por isso que estamos fazendo um levantamento paralelo que deve ser concluído até o fim da próxima semana. Se os dados não baterem, como acreditamos que não vão bater, vamos contestar as informações do Ipardes”, adianta.

 

Teixeirinha usa como exemplo a cidade que administra: “Matelândia deverá crescer em torno de 25% em três anos e meio, neste momento precisaríamos de mais 4 mil moradias para as pessoas que estão chegando à cidade”. Só que, na projeção do Ipardes, o Município cresceria apenas 9,1% nos próximos 23 anos, chegando a 19.189 moradores em 2040. “Mas hoje já temos mais de 20 mil habitantes”, reforça.

A projeção do instituto paranaense preocupa os municípios que estão na lista de decréscimo populacional, afinal, esses dados podem ser usados como balizadores para definição de políticas públicas. O temor dos municípios é que isso possa impactar, inclusive, na definição do repasse de FPM (Fundo de Participação dos Municípios), principal fonte de arrecadação em metade das cidades da região.

Vale lembrar, por exemplo, que a projeção em si não pode influenciar nos indicadores, como fator único e decisivo, para efeito de repasse de recursos por se tratar de uma projeção. Nesses casos, o que vale são os dados estatísticos concretos, como as estimativas e a contagem populacional divulgadas pelo IBGE.

As que mais vão perder moradores

Vera Cruz do Oeste é a 40ª cidade do Estado, de um total de 399, que mais perderá habitantes nos próximos 23 anos, de acordo com projeção divulgada pelo Ipardes. Com retração de 22,2% em seu número de habitantes, ou seja, queda de quase 1% por ano daqui por diante, a cidade vai chegar a 2040 com 6.769 moradores.

O prefeito Ednei Sgobi classificou os dados como “preocupantes” e ele pretende questioná-los e recorrer da publicação. “Nós já temos uma arrecadação baixa e assim iríamos perder ainda mais”, alerta.

Hoje o Município tem 8,9 mil habitantes. Sgobi reconhece que os jovens procuram oportunidades de emprego em cidades maiores. “Mesmo assim, temos notado um crescimento na população. Aqui a economia agrícola é forte, com terras bem valorizadas e sempre temos novos loteamentos. Esses dados não refletem a nossa realidade”, contesta.

A próxima na lista do oeste em perda populacional é Serranópolis do Iguaçu, que deve “encolher” 19,8% até 2040, quando estará com apenas 3.603 moradores, segundo o Ipardes.

Destaque ainda para Iguatu. A pequena cidade deverá perder, conforme o Ipardes, 12,5% dos seus moradores, ficando com menos de 2 mil.

Outra que chama a atenção é Foz do Iguaçu. O Município referência no Brasil e no mundo pelo turismo deve perder 15,6% de seus moradores e chegar em 2040 com apenas 219 mil habitantes, segundo o Ipardes. Das maiores cidades do oeste, ela é a única que deverá sofrer decréscimo populacional.

Justificativas

A tendência de redução populacional, explica o diretor de pesquisas do Ipardes, Daniel Nojima, é verificada em todo o Brasil e está associada ao declínio da natalidade e à ampliação da expectativa de vida. No Paraná, o processo é mais acentuado em Curitiba e em municípios de menor porte, com menos de 10 mil habitantes, onde se verifica a migração dos mais jovens para outros municípios em busca de novas oportunidades. “São cidades de base agropecuária, que vivem também um processo de mecanização das lavouras, e os jovens acabam indo para municípios vizinhos. São migrações de curta distância bastante regionalizadas”, diz Nojima.

As que vão crescer

Dentre as cidades do oeste do Paraná que vão crescer está Cafelândia. Segundo o Ipardes, o Município terá quase 35% de aumento populacional em 23 anos, chegando em 2040 com 23.220 habitantes.

Para Cascavel, as estimativas populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contrariam as projeções do Ipardes. Enquanto o IBGE usa uma estimativa de mais de 1% de crescimento ao ano, o Ipardes prevê aumento populacional de 17,1% até 2040, atingindo 377.664 habitantes.

Toledo cresceria, segundo o Ipardes, 27,8% e alcançaria, em 2040, 175.824 moradores.

Dentre as cidades pequenas que mais vão avançar em moradores está Pato Bragado. O município lindeiro ao Lago de Itaipu pode atingir a marca de 30% de evolução populacional, enquanto sua vizinha, Missal, com economia e características similares, deverá perder quase 13% de seus moradores atuais e chegar em 2040 com pouco mais de 9 mil habitantes.

Veja a lista completa dos municípios: https://www.oparana.com.br/uploads/06%20tabela%20populacao.pdf