Agronegócio

O que as árvores querem em 2019? (Parte II)

Ao concluir a redação do artigo da última semana, no qual abordamos as demandas das senhoras árvores que residem lá no meio rural, fiquei imaginando o que estariam pensando para 2019 as árvores urbanas.

De forma a não discriminar “niguém” e por estar em sintonia com as mesmas, após visitar algumas cidades e conversar com várias árvores de muitas espécies, tive a clareza necessária para escrever algumas frases para os leitores que nos acompanham.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que as árvores urbanas das cidades paranaenses têm, ao menos, um motivo a mais para sua felicidade, pois elas contam com um exemplar trabalho de apoio de um comitê interinstitucional formado pelo Ministério Público Estadual, juntamente com universidades como a UTFPR Dois Vizinhos, UFPR Curitiba, Unicentro Irati, Conselhos Profissionais como o Crea-PR e o CRBIO07, IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Copel, Emater e entidades de classe profissional relacionadas ao tema. Esse comitê tem trabalhado de forma a orientar, fomentar e fiscalizar a elaboração e a implementação dos Planos Municipais de Arborização Urbana em todos os 399 municípios do Estado.

E por que tanta felicidade das árvores urbanas paranaenses? Porque, após a elaboração e a implentação de todos esses planos, as cidades paranaenses terão maior diversidade de espécies, manejo mais adequado (o que as árvores mais esperam é que nunca mais sejam podadas drasticamente!) e acompanhamento técnico. As árvores urbanas sabem que, ao sofrerem sinistros severos (doenças, pragas, tempestades etc), elas poderão sofrer danos que as coloquem em risco de cair e por isso tem consciência que, ao chegar a esse ponto, aceitarão de bom grado sua retirada e substituição por uma árvore mais jovem, pois o mais importante de tudo é fazer o bem para as pessoas, trazendo qualidade de vida a todos (saúde, ar puro, sombra, umidade, beleza, diversidade).

Conversando com árvores urbanas de diversas cidades paranaenses, as mesmas estão ansiosas para que o Plano Municipal de Arborização do Município onde vivem seja elaborado, implementado e monitorado, para que as cidades melhorem sua qualidade ambiental com a presença marcante de muitas e boas árvores. Alguns municípios já têm seus planos elaborados e implementados ou em implementação (pensa na felicidade dessas árvores!).

Em outros estados do Brasil, a tendência segue a mesma, com muitos projetos sendo implementados, mais árvores sendo plantadas no meio urbano, com acompanhamento profissional. Em todos os eventos promovidos pela SBAU (Sociedade Brasileira de Arborização Urbana), tanto nacionais como regionais, sempre são relatados bons exemplos, em cidades médias e grandes, principalmente. Mas as árvores estão demandando dos gestores públicos de pequenas cidades que também implementem seus planos de arborização, pois as árvores também gostam de viver em pequenas cidades.

Mas, infelizmente, ainda ocorrem muitos maus exemplos, com municípios que tratam as árvores como se quisessem que elas fossem embora de suas cidades. Nesses casos, as árvores que ainda estão por lá têm vivido extremamente tristes, ao ponto de definharem até morrer, principalmente quando sofrem podas drásticas e constantes e são sempre as culpadas por tudo quando caem, mas ninguém lembra a quantidade de podas de raiz e galhos que fizeram, das injúrias que causaram aos seus troncos e outras coisas negativas.

Uma recente felicidade potencial das árvores urbanas (potencial, pois ainda precisa ser operacionalizada pelos órgãos de governo) é a aprovação da Lei Federal 13.731/2018, que trata da destinação de recursos de multas ambientais para arborização urbana e recuperação de áreas degradadas. Em todos esses trabalhos com as árvores os engenheiros florestais têm plena habilitação e são os profissionais mais indicados para conduzirem bons projetos.

Eleandro José Brun ([email protected]); Flávia Gizele König Brun ([email protected]); engenheiros florestais, integrantes da Diretoria e do Conselho da Aefos/PR e professores da UTFPR Dois Vizinhos