Cotidiano

Motoristas atravessam a ponte em busca de gasolina mais barata

Comparando com os preços praticados no Brasil, economia chega a R$ 1 por litro

Foz – Com o aumento R$ 0,41 no imposto para o litro da gasolina em todo o Brasil, abastecer o veículo em Cidade de Leste, no Paraguai é a opção mais barata para os moradores de Foz do Iguaçu, que atravessam a Ponte Internacional da Amizade em busca de combustível barato. Lá o litro da gasolina comum custa G$ 4.280 guaranis, ou seja, em reais sai por 2,59.

Já em Foz do Iguaçu os postos de combustíveis já cobram de R$ 3,40 a R$ 3,60, média de R$ 1 a mais em relação aos postos paraguaios.

Por conta dessa economia, os postos de combustíveis da cidade paraguaia vivem lotados de carros vindos do Brasil. Como os postos funcionam 24 horas, os motoristas aproveitam as horas de menor pico para atravessar a Ponte da Amizade, incluindo a madrugada.

O maior volume de combustível no Paraguai é fornecido pela estatal brasileira Petrobras. A diferença nos valores entre os dois países se deve principalmente na carga de imposto brasileiro, calculado em 38% do preço pago pela gasolina.

A gasolina do Brasil possui uma composição diferente da vendida no Paraguai, com a adição de 25% de etanol, obrigatória por lei e que os veículos brasileiros já são adaptados e estão programados para trabalhar com essa mistura.

A pureza dos combustíveis do país vizinho divide a opinião de especialistas em veículos no Brasil. Segundo eles, os veículos equipados com motor flex são menos suscetíveis às variações de qualidade de combustível, pois o sistema de gerenciamento eletrônico faz a adequação do motor à gasolina pura. Um dos problemas que acontecem com os carros brasileiros abastecidos com gasolina pura é a “bateção de pinos”, quando ocorre a ignição antes da centelha e acontecem pequenas explosões dentro dos cilindros, ressoando por meio de elementos metálicos do motor, provocando sons que lembram a batida de pinos.

Para diminuir a potência do combustível puro e evitar o fenômeno de bateção de pinos, o brasileiro aprendeu a “batizar” a gasolina com etanol, em uma porcentagem que lembra a adição feita nas refinarias brasileiras.

Gasolina em Cascavel a R$ 3,93

Cascavel – Encher o tanque de combustível vai sair caro para os motoristas de Cascavel. Logo no início da manhã de ontem, as tabelas de preços dos postos foram atualizadas com o novo reajuste decretado pelo governo federal.

Os preços no município variam. No centro é possível encontrar a gasolina por R$ 3,78, produto que era vendido a R$ 3,48 até a quinta-feira (20). Já em outro ponto, na rodovia BR-277, sentido a Foz do Iguaçu, o mesmo produto é comercializado por R$ 3,69 o litro. Na Avenida Tancredo Neves, por sua vez, foi encontrado o valor mais alto: R$ 3,93. Em menos de 24 horas alguns postos de combustíveis aumentaram R$ 0,40 por litro.

Segundo levantamento semanal da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio cobrado pela gasolina em Cascavel até 15 de julho era de R$ 3,55. Já o mínimo encontrado era de R$ 3,41 e o máximo de R$ 3,59.

Quem não gostou nenhum pouco dessa notícia foi o representante comercial Valdecir Alves. Ele, que é de Curitiba, viaja todos os dias para trabalhar, e de passagem por Cascavel ficou surpreso com os novos valores. “No meu trabalho, a minha principal ferramenta é o carro. Não tenho como ficar sem abastecer e sou obrigado a pagar um valor tão caro como este. É um absurdo”, relata.

Como se não bastasse, o que também subiu foram o etanol e o diesel. Antes comercializado a R$ 2,36 o litro, o etanol passou a ser vendido por R$ 2,69 na maioria dos postos de Cascavel. A variação entre um local e outro chega a no máximo R$ 0,10, uma economia que para Alves não é tão significativa assim. “Eu até faço pesquisa de preço, mas dependendo da cidade nem vale a pena. A gente já paga imposto demais, e agora mais um aumento. Sobra tudo pro consumidor, que está cansado disso”, desabafa.

Já o diesel teve um acréscimo de aproximadamente R$ 0,13. Conforme a ANP, o preço médico aplicado há uma semana era de R$ 2,76. Hoje, o motorista que abastecer seu veículo vai pagar R$ 2,89. O aumento no diesel implica ainda na insatisfação de uma categoria, a dos caminhoneiros. O presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Cascavel e Região), Jeová Pereira, já havia alertado sobre a incidência de tarifas abusivas ao motorista, que paga altos pedágios, recebe fretes baixíssimos e tem pouco retorno à profissão. Com a elevação do diesel, a conta fica ainda mais pesada.