Policial

Exército prepara varredura na fronteira

São Miguel do Iguaçu – Pelo menos 700 militares do Exército Brasileiro lotados no Paraná, sendo cerca de 300 deles de Cascavel, participam a partir do dia 16 de outubro de um treinamento intensivo com o apoio do blindado Guarani na cidade gaúcha de Campo Rosário, na fronteira com a Argentina.

Da região os comboios partem para a cidade gaúcha nesta semana. O objetivo da capacitação é a preparação para operações descentralizadas na fronteira que começam em novembro no oeste do Paraná.

De Cascavel irão tropas do 15º Batalhão Logístico e do 33º Batalhão de Infantaria Mecanizado. Serão pelo menos 20 dias de treinamento na chamada experimentação doutrinária na Operação Iguaçu.

No retorno as tropas devem seguir para a região da fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, onde deverão fazer uma varredura e fiscalizações surpresa. No caso da unidade de Cascavel, estão previstas ações que vão de São Miguel do Iguaçu até Guaíra.

A varredura está diretamente associada ao anúncio das Forças Armadas que estão desencadeando operações conjuntas com a Polícia Federal e a Receita Federal, com o objetivo de coibir o contrabando, o descaminho e o tráfico de drogas e armas.

Rota do crime

A região oeste é considerada uma das principais portas de acesso desses produtos que abastecem, de modo geral, o crime organizado brasileiro.

Pelas rodovias, rios e até o espaço aéreo da região passa parte expressiva do cigarro contrabandeado que abastece os grandes centros como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e até Nordeste.

Pela rota bem traçada do contrabando, que conta inclusive com a conivência de muitos agentes da área da segurança pública, passam ainda as armas, as drogas e as munições que abastecem as principais facções criminosas.

Fiscalização ficou prejudicada com a crise

Segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, a vigilância das fronteiras nunca foi deixada de lado, mas ele admite que, com o contingenciamento do orçamento em razão da crise que afetou as contas públicas, foi necessário “reduzir a intensidade das operações”.

“Começamos o ano realizando uma série de pequenas operações nas fronteiras. Quando houve o contingenciamento de recursos, tivemos que reduzir a intensidade dessas ações, mas continuamos atuando”, declarou o almirante, explicando que, recentemente, o Ministério da Defesa realocou recursos orçamentários da própria pasta para garantir a continuidade das iniciativas conjuntas. “Assim, voltaremos com um grande número de pequenas operações em áreas que consideramos de maior risco de crimes transfronteiriços”, explicou.

De acordo com o almirante, a opção por operações surpresas, de menor duração e que empreguem um efetivo menor, é uma mudança em relação ao modelo que desde 2011 vinha sendo adotado no âmbito da chamada Operação Ágata, coordenada pelo Ministério da Defesa, com a participação conjunta de militares das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) e servidores de vários órgãos federais, estaduais e municipais.

O novo modelo, segundo o almirante, está alinhado às diretrizes do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras, em vigor desde novembro de 2016. Além de substituir o antigo PEF (Programa Estratégico de Fronteiras), o novo plano ocasionou a reestruturação da Ágata.

“O modelo anterior está superado desde o fim do ano passado”, declarou o almirante, observando que a Operação Ágata alcançou bons resultados desde que foi lançada, em 2011.