Cotidiano

Doenças do Fígado: Muito além da cirrose e hepatite

Quando o assunto é doença hepática, quais as enfermidades mais conhecidas? Certamente se pensa primeiro na cirrose e na hepatite. Porém, o que pouco se sabe é que o órgão pode ser acometido por doenças autoimunes caracterizadas pela destruição progressiva dos canais biliares do fígado, chamadas de Colangite Biliar Primária (CBP) e Colangite Esclerosante Primária (CEP), e essas doenças têm algo em comum: a dificuldade no seu diagnóstico por falta de informação e conhecimento.

"A CBP tem sintomas que não são geralmente atribuídos a doenças hepáticas, tais como prurido (coceira) e fadiga excessiva, olhos e boca secos e dores articulares, fazendo com que o seu diagnóstico seja facilmente confundido com outras doenças. Isso dificulta seu tratamento precoce, que retarda a progressão da doença para cirrose e falência hepática com necessidade de transplante", explica o hepatologista Paulo Bittencourt.

A dificuldade está no diagnóstico correto.

Segundo o médico, a doença e seus sintomas são tratados habitualmente de forma inadequada, permitindo que a CBP progrida com impacto negativo na sobrevida e na qualidade de vida do paciente. Além disso, esses sintomas podem persistir por meses ou anos sem que o paciente receba um diagnóstico definitivo.

Outras doenças do fígado

O fígado pode também ser acometido pelas hepatites virais, alcoólica, pelo uso de medicamentos, chás, e substâncias fitoterápicas e esteatohepatite do paciente obeso e/ou diabético. Essas doenças podem provocar cirrose, que por sua vez, é o estágio final de qualquer doença hepática.

Um dos erros mais comuns em relação à cirrose é associá-la exclusivamente à ingestão excessiva de bebidas alcoólicas: "Esse fator está relacionado a 11% das indicações de transplante de fígado por cirrose no Brasil", explica o especialista.

Segundo Paulo, as causas principais de falência hepática requerendo transplante são hepatites virais e as doenças metabólicas, autoimunes e colestáticas, incluindo a CBP. "É preciso lembrar que a maioria das doenças hepáticas são silenciosas ou não tem sintomas específicos e, por isso, muitas vezes seu diagnóstico precoce é difícil ou muitas vezes negligenciado pelo paciente".