Cotidiano

Dia Mundial do Idoso: Mais exercícios, menos remédios

Dados da International Diabetes Federation (IDF) colocam o Brasil como a quarta nação do mundo em número de pessoas com diabetes – 13 milhões de pacientes. Destes, grande parte já está na terceira idade, faixa que pede cuidados especiais no manejo da doença, a fim de atingir as metas de controle metabólico e preservação arterial e de massa corporal. Para se ter uma ideia, de acordo com levantamento da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), quase um terço das pessoas com diabetes têm mais de 65 anos. Em tempo: o Dia Mundial do Idoso é comemorado em 1º de outubro.

Primeiramente, é necessário considerar que o idoso já está mais predisposto a complicações cardiovasculares. Além disso, está mais sujeito a ser polimedicado e ter perdas funcionais e cognitivas, que se somam a problemas como depressão, quedas e fraturas, incontinência urinária e dores crônicas. Ou seja, a atenção a esta população deve ser diferenciada e respeitar todas essas condições na hora de pensar a estratégia para tratamento do diabetes.

João Salles, médico endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, esclarece que um terço dos idosos apresenta algum tipo de alterações no metabolismo da glicose e, por isso, é fundamental atentar-se às questões que tangem o acompanhamento comportamental e nutricional. O especialista, que também é coordenador do Departamento de Diabetes no Idoso da SBD, afirma ainda que o diabetes tipo 2 está ligado ao envelhecimento, ao sedentarismo e à obesidade. “Estes dois últimos fatores podem ser potencializados com o avançar da idade – por isso, o controle da doença passa pela prática de atividades físicas regularmente e pela dieta saudável e equilibrada”.

Corpo em movimento para a produção de insulina não parar

Uma das razões para o aumento da incidência de diabetes na terceira idade é a diminuição da produção de insulina, hormônio responsável por manter a glicose dentro das células. Logo, sua falta acarreta em mais açúcar na corrente sanguínea e na sobrecarga do pâncreas. Além disso, é nessa fase da vida em que há redução da prática de exercícios, já que se observa diminuição da massa muscular, a sarcopenia.

“Os músculos consomem glicose e contribuem para regular os níveis dela no sangue. Com a sarcopenia e a falta de exercícios, cresce a massa gorda: mais gordura, maior resistência à insulina. Esse quadro abre espaço não só para o surgimento do diabetes tipo 2, mas, também, para suas complicações”, avalia o médico João Salles.

O médico da SBD também indica a prática de atividades aeróbicas, como caminhada, e de resistência, por exemplo, a musculação. “Mas, é claro, sem descuidar do cardápio! Em geral, nessa fase ingerem-se menos fontes de proteínas e mais de carboidratos – até por serem mais fáceis de mastigar. Assim, durante o acompanhamento nutricional, é fundamental manter uma dieta rica em fibras e proteínas, reservando a qualidade na nutrição”.

Atenção!

Estilo de vida saudável é um mecanismo de prevenção e de controle do diabetes, inclusive passível de ser prescrito no consultório médico. Soma-se também à realização de exames para checar o bom funcionamento dos olhos, rins e coração. Além disso, os índices glicêmicos devem sempre ser monitorados, para que não haja hipoglicemia. “Os quadros de hipoglicemia podem ser revertidos rapidamente – os sinais de alerta são escurecimento da visão, suor excessivo, fome, arritmia e tremores”, comenta o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Cuidado com a medicação!

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia recomenda, no documento “Escolhas Sensatas na Assistência ao Paciente Idoso”, não prescrever medicamentos com intuito de atingir alvos de hemoglobina glicada menor que 7,5% em idosos diabéticos com declínio funcional e/ou cognitivo ou em extremos etários. Considerando tal indicação, Salles afirma que é importante manter-se atualizado acerca das alternativas terapêuticas capazes de controlar o diabetes e evitar suas complicações.

Perda auditiva na terceira idade: como driblar a deficiência

É preciso saber envelhecer, buscar alegria no convívio com familiares e amigos, estar conectado ao mundo, escutar bem o som das conversas e das músicas. Entre todas as dificuldades que afetam a vida de um idoso, a surdez é uma das mais cruéis porque pode isolar o indivíduo da vida em sociedade. E o que fazer para evitar isso?

As células auditivas morrem com o passar do tempo e hábitos ruins, como o de frequentar ambientes barulhentos durante a vida, podem agravar esse quadro. Quanto mais essas células são perdidas, maior é a perda auditiva. Pesquisa realizada pelo site Heart-it comprova: pessoas que não escutam bem têm problemas de relacionamento e ficam isoladas, sem participar dos momentos alegres do cotidiano, o que pode acarretar depressão e até demência.

“Falar sobre deficiência auditiva nunca é fácil. Há muita resistência em admitir a surdez. Mas trazer à tona o problema é a melhor coisa a fazer. Estudos confirmam que uma das soluções para a perda de audição é o uso de aparelhos auditivos, o que resulta em melhoras significativas na qualidade de vida do idoso”, afirma Isabela Papera, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.

São mais de 15 milhões de brasileiros com dificuldades auditivas, segundo a Organização Mundial de Saúde. Nesse balanço estão incluídos os 12 milhões com mais de 65 anos.

De acordo com especialistas, muitas pessoas já apresentam algum grau de surdez a partir dos 40 anos por causa do envelhecimento natural do corpo. O processo é diferente em cada um, mas aproximadamente uma em cada dez pessoas nessa faixa etária já têm dificuldades para ouvir. E depois dos 65 anos, a perda auditiva – conhecida como presbiacusia – tende a ser mais severa. Por isso, o melhor é procurar um médico otorrinolaringologista aos primeiros sinais de surdez.

Conheça dez sintomas que podem indicar indícios de perda auditiva:
– Ouvir as pessoas falando como se elas estivessem sussurrando
– Assistir à televisão em volume mais alto do que as outras pessoas da casa
– Não ouvir quando é chamado por uma pessoa que não está à sua frente ou que se encontra em outro cômodo
– Comunicar-se com dificuldade quando está em grupo ou em uma reunião
– Pedir com frequência que as pessoas repitam o que disseram
– Ouvir com dificuldade o toque de campainha ou telefone; ou mesmo ficar embaraçado ao não entender o que outro diz pelo telefone
– Dificuldade em se comunicar em ambientes ruidosos, no carro, no ônibus ou em uma festa
– Fazer uso de leitura labial durante uma conversa
– Família e amigos comentam que você não está ouvindo bem
– Se concentrar muito para entender o que as pessoas falam.