Policial

Delegada descarta sequestro de crianças

Reportagem divulgada ontem pelas redes sociais alertava para quadrilha especializada

Curitiba – O desaparecimento de dois meninos em menos de um mês no Paraná provocou um medo sem igual nos pais em todo o Estado. Pelas redes sociais, elas recebiam e compartilhavam uma reportagem que denuncia a atuação de uma quadrilha especializada em sequestro de crianças. A notícia se espalhou como rastilho de pólvora.

De fato no Paraná há registro de crianças desaparecidas que tem desafiado as autoridades do setor. É o caso do pequeno Bryan Raad Fonseca, de um ano, que sumiu em Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba. O menino estava na propriedade rural dos pais, brincando no quintal, quando desapareceu no dia 19 de junho. A principal suspeita é de que ele tenha caído em um rio que passa no sítio da família. Buscas foram feitas nesse sentido.

O segundo garoto a desaparecer na semana passada, em Telêmaco Borba, tem apenas dois anos. Luiz Felipe dos Santos Machado brincava na frente de casa e em questão de minutos não foi mais vistos. A mãe e os irmãos estavam na casa, mas não viram como a criança saiu dali.

De acordo com a delegada titular do Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas), Iara Laureck Dechiche, os dois casos são muito parecidos, mas não têm ligação. “O Paraná não tem casos de sequestro de crianças. Não temos registros em nenhuma cidade, porque toda a rede é interligada. Desde a criação do Sicride, em 1996, temos o registro de 28 crianças desaparecidas. As outras que aparecem nas estatísticas são casos em que as mães registraram boletim de ocorrência quando as crianças desapareceram e não deram baixa posteriormente”.

Em relação ao caso de Bryan, Iara disse que as buscas pelo Corpo de Bombeiros no rio se encerrariam ontem. “Todas as denúncias que recebemos e todas as hipóteses do desaparecimento foram investigadas. Os cães da Polícia Militar fizeram buscas na propriedade e levaram os investigadores para o rio. A prova mais consistente e técnica que temos é de que ele tenha caído no rio, mas a polícia continua investigando até que recebamos os laudos dos bombeiros e do GOA [Grupo de Operações Aéreas] da Polícia Civil”.

Quanto a Luiz, a delegada disse que o caso é ainda mais difícil, porque os cães farejadores não apontaram para direção alguma. “Familiares e conhecidos foram ouvidos e não temos nenhuma pista”. 
Questionada se há alguma possibilidade de o menino ter sido morto, Iara diz que nenhuma hipótese é descartada. “Investigamos a vida dos pais, dos familiares e a princípio não encontramos nada. Mas sempre existe a primeira vez. Pode ser que essa criança tenha sido pega por algum vizinho abusador e que até já esteja sem vida”.

Diferença dos casos

A delegada do Sicride, Iara Laureck Dechiche, explica que, para diagnosticar um caso de desaparecimento ou um sequestro, há toda uma investigação do histórico da criança. “A maioria dos casos é de crianças rebeldes, que receberam algum tipo de dever e precisam cumprir, mas que por algum motivo não querem. Existem também aquelas com histórico de maus-tratos, abuso sexual e que fogem de casa para não sofrer mais”.

Caso Tatiele

Desaparecida desde o dia 13 de dezembro do ano passado, a menina Tatiele Terra Felipe, 12 anos, o Sicride continua investigando o caso. Conforme a delegada Iara, ainda não há pista do paradeiro da menina. “Ela desapareceu de forma misteriosa. Investigamos todas as denúncias e a maioria delas era sem sentido, mentirosa”.

Dentre as hipóteses está o fato de que Tatiele possa ter saído de casa por vontade própria e alguém estaria custeando suas despesas. “Ela é de uma família humilde e queria ter um futuro melhor. Talvez ela tenha visto que em casa não teria oportunidades, já que pedia coisas para vizinhos, por exemplo, e saiu com alguém que está provendo ela. Ou ainda pode ter sido pega por algum maníaco sexual”.

Invenções das redes sociais

Quanto aos boatos nas redes sociais em relação à atuação de uma quadrilha de sequestradores de crianças, a delegada Iara Laureck Dechiche disse que o Paraná possui casos de desaparecimento, mas que o Sicride tem um índice de elucidação de 98,9%. “A orientação que damos às mães é que cuidem dos seus filhos. Porque esse medo de eles serem sequestrados, esses supostos casos, são invenções das redes sociais. É importante que os pais cuidem de seus filhos, porque em segundos você perde o filho. Ele pode cair em um rio, cair em um buraco e morrer, e até mesmo ser pego por um maníaco”.