Cotidiano

Dando um show na boleia

Maquiada, de unhas pintadas, perfumada, de cabelo amarrado e uniforme. É assim que a motorista do caminhão da OT Ambiental, Gabriela Pacheco Casagrande, de 29 anos, sai todos os dias de casa para trabalhar.

Ela faz parte da equipe que realiza a coleta do lixo em Cascavel, e pega no batente das 6h às 14h, de segunda a sábado. Para Gabriela, que é a única mulher a ocupar este cargo em meio a 50 homens, o trabalho representa uma vitória. “Fui a primeira mulher a conseguir este emprego e por enquanto a única. Sempre quis trabalhar aqui e achava que não teria esta oportunidade. Mas deu certo e há 11 meses desempenho a função de motorista”, relata.

O encarregado da coleta, João Paulo Mergulhão, comenta que Gabriela é esforçada e muito dedicada ao trabalho. “Espero que com a chegada de Gabriela outras mulheres se inspirem e queiram trabalhar aqui também”, diz.

Antes de ser motorista do caminhão da coleta do lixo, Gabriela já vivia com o pé na estrada e dentro de uma cabine. Foram oito anos viajando pela região para uma transportadora terceirizada. “Tive a oportunidade de agregar o caminhão e então decidi procurar outro serviço”, lembra. Ela se orgulha em mostrar a carteira de habilitação na categoria E, que a autoriza a conduzir veículos com dois reboques acoplados, caminhões, ônibus e automóveis.

 

Os olhares

No início da nova carreira, Gabriela comenta que precisava enfrentar alguns ‘olhares diferentes’, muitas vezes carregados de preconceito por ser mulher e estar em um mercado cheio de homens.

“No começo foi um pouco difícil, algumas pessoas olhavam e achavam estranho uma mulher fazer esse serviço. Mas com muita persistência, determinação e coragem estou aqui e é isso que digo a outras mulheres que pretendem trabalhar em um local em que a maioria são homens. Eles viram que sou capaz, que faço meu trabalho corretamente e é por isso que não pretendo sair daqui”, pontua.