Política

Coluna Contraponto do dia 19 de setembro de 2018

Beto: “um cabra marcado para morrer”

No discurso de quase 50 minutos que dirigiu aos 25 prefeitos que se dispuseram ir a Curitiba para apoiá-lo na retomada da campanha ao Senado, o ex-governador Beto Richa se comparou ao personagem do filme-documentário Cabra marcado para morrer. Às vezes interrompido por aplausos, outras pela voz embargada pela emoção, Richa afirmou: “Queriam me destruir moralmente, mas não sou homem de desistir”. Foi o primeiro compromisso público do ex-governador desde que deixou o Regimento Coronel Dulcídio, na madrugada de sábado, onde esteve por quatro dias cumprindo a prisão temporária decretada pelo juiz Fernando Fischer (13ª Vara Criminal de Curitiba) até ser solto por salvo-conduto expedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.

Gatos pingados

O convite para o ato foi disparado no domingo pelo PSDB para os 399 prefeitos do Paraná. Contava-se com a presença de pelo menos 120, mas apenas 25 compareceram, dentre os quais o de Cornélio Procópio, Amin Hannouche, amigo de longa data e companheiro de viagem ao Líbano. Dos 34 deputados que faziam parte de sua base de apoio na Assembleia, somente dois estavam presentes, o ex-líder Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi.

Ausências

Beto Richa notou algumas ausências, como as do prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e a dos deputados Valdir Rossoni e Ademar Traiano.

Tristeza

O encontro foi a portas fechadas e testemunhas disseram que o ambiente era de tristeza. Discursos foram rápidos. Beto chorou. A imprensa ficou de fora.

O Analista de Bagé

O general Hamilton Mourão, candidato a vice de Jair Bolsonaro, lembra muito o genial personagem criado por Luiz Fernando Veríssimo, o “Analista de Bagé”, mas sem a irônica perspicácia. O “Analista” tinha métodos pouco ortodoxos para lidar com as sutilezas da alma e a terapia era adaptada ao padrão gaúcho de ser, regada a chimarrão, pelego e força bruta.

E o General Mourão

Já o general Mourão exibe a grossura pronta e acabada para opinar sobre o que não entende e jogar frases patéticas, sem respeito e preconceituosas sobre o País e os brasileiros. Ao afirmar que filhos criados por mães e avós em áreas pobres são candidatos ao tráfico, mostra o tamanho da própria ignorância sobre a vida de famílias, compostas de mães e avós, que fazem um esforço descomunal para criar filhos e netos. Esforço que o general não tem a menor ideia do que se trata. Perto dele, o Analista de Bagé é o próprio Freud em pessoa.

Fábrica de marginais

Um dia após dizer que lares apenas com “mãe e avó” são “fábrica de elementos desajustados”, o general Mourão insistiu na declaração. Segundo ele, a frase era uma “constatação” do que ocorre nas comunidades carentes e não uma crítica às mulheres. Na Associação Comercial de São Paulo, ontem (18), o militar da reserva afirmou que crianças são cooptadas pelo tráfico quando, por falta de creche e escola integral, são deixadas em casa pelas mães e avós que saem para trabalhar.

Gaeco faz arrastão I

O Gaeco esteve em atividade ontem (18) para cumprir 12 mandados de busca e apreensão em Itapejara d’Oeste, Pato Branco e Curitiba. Os alvos servidores, empresários e empresas que atuavam num esquema de fraudes a licitações, superfaturamento de obras e desvio – segundo se calcula até agora – de meio milhão de reais dos cofres da prefeitura de Itapejara na gestão anterior.

Gaeco faz arrastão II

O ex-prefeito Eliandro Pichetti foi um dos alvos das buscas, mas apenas um dos envolvidos teria sido preso por porte ilegal de arma – um funcionário da liderança do PSD na Assembleia Legislativa, ligado ao deputado Guto Silva. Foram apreendidas armas, computadores, celulares e documentos.