Esportes

Aos 15, Thais Fidelis estreia no adulto com status de esperança de medalha em 2020

Pela televisão, a pequena Thais Fidelis viu Daiane dos Santos brilhar com seus mortais e se encantou. Aos 5 anos, decidiu que queria ser igual à ginasta, campeã mundial do solo. Dez anos depois, a garota de Ribeirão Preto se prepara para estrear entre as adultas defendendo o Brasil no Trofeo Città di Jesolo, tradicional torneio na Itália, neste fim de semana. Agora é nova joia brasileira que ganha os holofotes e já desponta como promessa para a Olimpíada de Tóquio 2020.

– Com certeza ela é uma esperança de medalha para 2020. A nota de partida dela de trave está entre as três melhores do mundo. Temos quatro anos para amadurecer essa série, porque trave é um aparelho traiçoeiro. Temos um ciclo olímpico inteiro para isso. Ela tem tudo para ser medalhista em Tóquio – afirmou Roger Medina, técnico da ginasta.

O talento de Thais chamou a atenção do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Bicampeã brasileira infantil e juvenil e bicampeã sul-americana, a ginasta participou do projeto Vivência Olímpica, acompanhando de perto os Jogos do Rio de Janeiro para se ambientar com o clima da competição. Ela só não pôde estar em ação porque as regras da Federação Internacional de Ginástica (FIG) só permitem uma atleta competir entre as adultas a partir da temporada que completa 16 anos.

Em seu primeiro teste, Thais vai ficar lado a lado com finalistas olímpicas, como as também brasileiras Flávia Saraiva e Rebeca Andrade – Carolyne Pedro completa a equipe do Brasil. Acostumada a ganhar com facilidade nas categorias de base, a jovem de 15 anos se diz ansiosa para competir com ginastas de alto nível.

– Eu estou um pouco ansiosa, querendo que chegue logo. Vai ter mais pressão agora entre as adultas, vai ter mais meninas que são boas. Mas eu me sinto preparada – disse Thais.

– Ela sempre ganhou muito fácil na categoria dela. Agora ela vai encontrar desafios novos, porque todo mundo é igual ou melhor que ela. A Thais está bem preparada e sempre foi muito fria em competição quando está preparada, não passa ansiedade, não passa nervosismo – disse Roger.

O técnico vem lapidando a nova joia há seis anos. Desde o primeiro teste em Barueri, a menina encantou o técnico, mostrou potencial e abraçou o projeto de morar longe da família para crescer na ginástica.

– Uma amiga minha é professora em Ribeirão. Ela me mostrou a Thais. Chamei pra fazer um teste comigo. Logo no primeiro momento percebi o talento, percebi que com o decorrer do tempo ela se tornaria uma ginasta de ponta. Ela é explosiva e tem ótima linha corporal, é 100% dedicada, flexível e ágil. Só faltava um trabalho mais específico e qualificado – contou Roger.

Em 2015, Thais e Roger trocaram a estrutura de Barueri pela do Cegin, iniciando uma parceria com a técnica ucraniana Irina Ilyashenko. Desta vez a mãe Francisca acompanhou a ginasta e passou a tomar conta dela e de mais seis meninas do clube de Curitiba. A menina introvertida e dedicada passou a treinar quase 30 horas por semana e ainda se desdobra para estudar. O pouco tempo que sobre é para ficar mexendo no celular. Tudo pelo sonho de ser uma estrela como Daiane dos Santos e até conquistar algo que a campeã mundial não conseguiu: uma medalha olímpica.

– Ginástica é tudo para mim. Depois dos estudos, claro. É minha vida. É um sonho. Eu penso em ir à Olimpíada, ganhar medalha. Isso não está muito longe de mim – disse Thais.

Apesar de sonhar alto, a garota tem os pés no chão. O técnico Roger tenta tirar das costas da ginasta o peso de ser uma promessa para 2020. O trabalho psicológico vem preparando Thais para lidar com a pressão por resultados para confirmar o status de nova joia brasileira.

– Quando em falam que sou uma promessa, eu penso apenas que quando chegar minha hora tenho que mostrar o que faço e o que treino – disse a jovem.

Se repetir o que faz em treinos e o que fez no último Campeonato Brasileiro (clique e veja o vídeo), Thais pode entrar para o hall de grandes ginastas já no Mundial de Montreal, em outubro.

– O principal objetivo é que ela esteja no Mundial. Está muito próximo de ela ser medalhista na trave e finalista no solo. Não quero gerar uma cobrança nela, mas está dentro do meu planejamento – disse o técnico Roger.

Depois de Jesolo, Thais Fidelis ainda vai participar das etapas da Copa do Mundo de Ljubljana e Osijek. O técnico Roger Medina ainda estuda a participação em mais uma etapa para dar mais experiência internacional à garota antes do Mundial de Montreal.