Cotidiano

Aciqi quer fim da separação entre habitantes

Quedas do Iguaçu – O presidente da Aciqi (Associação Comercial e Industrial de Quedas do Iguaçu), Rodrigo Guzzo, defende o fim da separação criada pelo histórico de conflitos agrários na cidade que colocou de um lado os agricultores pioneiros e de outro os assentados que invadiram terras há cerca de duas décadas, mas que hoje são responsáveis por boa parte da produção agrícola do Município.

Guzzo diz que na época das ocupações foi ruim para a cidade, mas que com o passar do tempo – e olhando para o futuro – os assentamentos serão responsáveis por uma grande cadeia produtiva que resultará em emprego e renda, segundo ele, talvez até maior do que a Araupel, empresa que teve boa parte de suas terras invadidas por membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). São mais de 6 mil famílias assentadas na região de Quedas do Iguaçu.

“A gente tem que parar de separar o assentado do pioneiro. Os assentados já têm filhos quedenses, estão estabelecidos na cidade, já têm comércio em que eles atuam e trabalham”.

Para Guzzo, os assentados ajudam a promover o crescimento econômico de Quedas, mas lembra que também trazem obrigações ao poder público, como investimentos em saúde, estradas e benfeitorias.

Paralelo a isso, o presidente da Aciqi diz ter esperança que a Araupel recupere o nível de emprego de cinco anos atrás. “A gente está perdendo uma empresa muito forte na região que alavancou muito a história de Quedas do Iguaçu. Por outro lado, ela está deixando muita mão de obra altamente capacitada para Quedas e as empresas que vêm para cá acabam absorvendo boa parte desses funcionários capacitados”.

Crédito dificultado

Um dos problemas que os assentados enfrentam, na visão de Guzzo, é a dificuldade em obter crédito para investimentos. “Eles não têm documentos [das terras] para dar como garantia. Então a análise de crédito é muito mais apertada para eles e, com isso, têm mais dificuldades de crescer em Quedas do Iguaçu”, avalia.

No mês passado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) se instalou em Quedas do Iguaçu e está promovendo a documentação provisória das propriedades dos assentamentos.

Fuga de emprego

Uma das maiores preocupações do momento é a fuga de empregos com a redução das atividades da Araupel, empresa do ramo madeireiro que ao longo dos últimos anos teve parte de suas terras desapropriadas para fins de reforma agrária. Hoje, segundo Guzzo, a empresa tem aproximadamente 600 funcionários. “O grande problema de Quedas do Iguaçu é a falta de emprego em virtude da dependência desse emprego que estamos perdendo. Em decorrência disso, o povo está saindo de Quedas do Iguaçu, muita gente buscando emprego em outras cidades e não é o que a gente gostaria”, avalia o líder empresarial.

Guzzo é otimista em relação ao futuro do Município e à geração de emprego. Hoje a cidade possui um polo têxtil com 15 empresas, entre fábricas e confecções. Com 2 mil postos de trabalho, a indústria têxtil é o segmento que mais emprega em Quedas do Iguaçu. Boa parte dos trabalhadores que deixaram a Araupel foi absorvida pela indústria têxtil. “A gente espera que elas absorvam mais e que, além delas, venham mais empresas de fora”, afirma Guzzo.

Ganhando força

Os conflitos agrários, de fato, travaram o crescimento da cidade ao afetar fortemente as atividades da empresa Araupel: “Mas a gente está conseguindo dar a volta por cima com novo parque industrial”, diz Paulo Fabiane, assessor de gabinete da prefeitura. Ele destaca que a cidade possuiu um potencial econômico respeitável e vem ganhando força o polo têxtil, principalmente na confecção de jeans, o que tem ajudando a reorganizar a economia local.