Policial

A teoria da janela quebrada

 

Um carro caro e bonito é deixado na periferia. Outro carro, também caro e bonito, é deixado em um bairro considerado mais rico. Ambos abandonados. Depois de algumas horas, o carro da periferia está todo quebrado, vandalizado, o que se justifica porque, na periferia, moram pessoas de baixa renda, de baixa escolaridade e que não tiveram acesso a uma série de fatores culturais e econômicos. No bairro mais rico, o carro está intacto. Porém, quando alguém vê o carro sem danos resolve quebrar uma janela. Com uma das janelas quebradas, quem passava pelo local e via o carro, já vandalizado, aproveitava para destruir mais um pouco, considerando que o veículo estava abandonado e quebrado mesmo.

A teoria da janela quebrada foi um exemplo usado pela 16ª Promotoria, durante o julgamento de ontem, para pedir a condenação do réu então acusado de homicídio. “Funciona como o carro do bairro chique. Se alguém quebra uma das janelas, dá oportunidade para que o vandalismo se repita. Mesmo o réu tendo sido ameaçado pela vítima, na época, e ter perdido a cabeça, ele matou uma pessoa, o que é crime. Se não houver punição, isso abre a oportunidade para outros crimes”, alegou o promotor, Alex Fadel.

O crime

Ricardo da Silva foi julgado pelo homicídio de Cleiton Borges, morto em 29 de junho de 2013 no Bairro Santa Cruz. O crime foi considerado qualificado porque Ricardo atirou na vítima pelas costas, enquanto ela corria. Porém, o rapaz foi condenado por homicídio simples, a 5 anos de detenção em regime semiaberto. De acordo com a promotoria, os jurados entenderam que não houve recurso que dificultou a defesa da vítima, retirando a qualificadora. O júri considerou também que a vítima estava ameaçando Ricardo. O regime é semiaberto porque a pena é inferior a 8 anos e o condenado não é reincidente.

Reportagem: Tatiane Bertolino

Foto: Aílton Santos

21 – Homem foi condenado a cinco anos de detenção em regime semiaberto