Cotidiano

Prisão de Palocci acontece um dia depois de ministro da Justiça falar sobre Lava-Jato

O ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma foi preso temporariamente na manhã desta segunda-feira

RIO — A prisão do ex-ministro Antonio Palocci na 35ª fase da Operação Lava-Jato, batizada como “Omertà”, acontece um dia depois de o ministro da Justiça Alexandre de Moraes sugerir que haveria novidades na investigação da Polícia Federal. Em um encontro com representantes do Movimento Brasil Limpo (MBL), em Ribeirão Preto (SP), cidade comandada por Palocci em dois mandatos diferentes, Moraes sugeriu que esta semana haveria uma nova fase da Operação Lava-Jato. 

— Teve a semana passada (operação) e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim — disse o ministro.

No fim da noite deste domingo, Moraes divulgou nota ressaltando que afirmação sobre a nova fase da Lava-Jato foi uma força de expressão. Segundo a nota, “a frase não foi dita porque o ministro tem algum tipo de informação privilegiada ou saiba de alguma operação com antecedência, e sim no sentido de que todas as semanas estão ocorrendo operações”. O Planalto não se manifestou sobre as declarações do ministro.

PRISÃO DE PALOCCI

Palocci foi prefeito de Ribeirão Preto em duas ocasiões, entre 1993 e 1996 e de 2001 a 2002, quando se licenciou para comandar a bem-sucedida campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. O ex-ministro da Fazenda de Lula (2003-2006) e da Casa Civil de Dilma (de janeiro a junho de 2011) foi preso temporariamente na manhã desta segunda-feira, suspeito de manter relações criminosas com o comando da Odebrecht.

Outros dois assessores de Palocci também tiveram suas prisões temporárias confirmadas. São eles Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete do então ministro da Fazenda, e Branislav Kontic, que assessorou Palocci durante seu mandato parlamentar.

Segundo a Polícia Federal, o ex-ministro aparece nas planilhas do setor de Operações Estruturadas da empreiteira, uma espécie de diretoria de propinas, como “italiano”. Considerada uma das mais contundentes provas sobre o pagamento de propina a gentes políticos pela empreiteira, uma tabela nomeada “posição-italiano” foi encontrada na caixa de e-mail do ex-diretor da Odebrecht, Fernando Migliaccio no curso da Lava-Jato.

O documento traz um balanço de como foram repassados, entre 2008 e 2012, cerca de R$ 200 milhões a projetos como as eleições municipais de 2008, a disputa presidencial em El Salvador e valores pagos a JD, que a PF acredita ser Dirceu, e a João Santana.

A planilha termina indicando haver, em 2012, um saldo de R$ 79 milhões. A curto prazo, R$ 6 milhões estariam comprometidos com “Itália” – referência a Palocci – e R$ 23 milhões com o “amigo”, não identificado na tabela. Os demais R$ 50 milhões iriam para o “pós-Itália”.