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Porta-bandeira paralímpico será escolhido por votação

INFOCHPDPICT000061080453Assim como ocorreu nos Jogos Olímpicos do Rio, o porta-bandeira da delegação do Brasil na cerimônia de abertura da Paralimpíada, no dia 7 de setembro, não será escolhido apenas por chefes de missão. Pela primeira vez desde Heidelberg-1972, na Alemanha, quando o país estreou na competição, haverá uma eleição e todos os 287 atletas brasileiros terão direito a voto. São 19 candidatos, de seis modalidades paralímpicas. E, de acordo com Edilson Alves da Rocha, o Tubiba, chefe de missão do Brasil nos Jogos do Rio, os elegíveis precisam ter, ao menos, uma medalha de ouro paralímpica. Além disso, não podem competir no dia seguinte à festa.

Assim, três estrelas do Brasil, que já subiram ao lugar mais alto do pódio em Paralimpíadas, ficaram fora da eleição. Eles não estarão no Maracanã porque terão provas do dia 8: Teresinha Guilhermina, dona de seis medalhas em Paralimpíadas (sendo três ouros, uma prata e dois bronzes); Alan Fonteles, ouro nos 200m nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012 e prata no revezamento 4x100m em Pequim-2008; e Daniel Dias que conquistou seis ouros em Londres-2012 e mais quatro ouros, quatro pratas e um bronze em Pequim-2008.

? A gente achou que seria muito mais bacana que nossos atletas pudessem escolher seu representante na festa. Queríamos a participação de todos ? explica Tubiba, que será o responsável por contabilizar os votos.

A eleição, que começou na última quinta-feira, só terminará no próximo domingo. Todos os atletas convocados para Rio-2016 devem votar e só podem optar por um candidato.

A escolha terá de ser comunicada, via Whatsapp, para o coordenador da respectiva modalidade e para Tubiba (são 22). De acordo com o chefe de missão, esses 22 grupos já foram criados. Apenas ele, os atletas da respectiva modalidade e seu coordenador participam.

O resultado da votação será conhecido no próximo domingo, quando toda a delegação do Brasil estiver na Vila Paralímpica. Nesse dia, chegam ao Rio os atletas do ciclismo, bocha, triatlo, futebol de 5, atletismo, judô, natação, rúgbi e goalball (com exceção do ciclismo, as outras modalidades fazem a última etapa da aclimatação em São Paulo). A delegação brasileira começa a chegar na cidade paralímpica na quarta-feira. E os primeiros a entrar na Vila serão os atletas do vôlei sentado, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, tênis de mesa, remo e do tiro com arco.

O último porta-bandeira, em Londres-2012, foi Daniel Dias. Na edição anterior, em Pequim-2008, a honra coube ao judoca Antônio Tenório tricampeão olímpico à época e que concorre novamente. E Clodoaldo Silva, também na eleição desta edição, foi o representante dos atletas brasileiros em Atenas-2004.

O Brasil desfilará no Maracanã com traje diferente em relação à delegação olímpica e desenvolvido pela grife carioca Reserva, após processo seletivo coordenado por Paulo Borges. As peças tem referências à Floresta da Tijuca e duas estampas (com desenhos da flora e de aves da região).

O Brasil tem como meta chegar ao Top 5 do quadro de medalhas. Em Londres, o Brasil, com 182 atletas, terminou em sétimo, com 43 medalhas (21 de ouro, 14 de prata e oito de bronze). As modalidades mais vencedoras foram o atletismo, com 18 medalhas e a natação, com 14.

Confira os destaques:

Felipe Gomes. Ouro (200m) e bronze (100m) em Londres-2012. O velocista começou a perder a visão aos 6 anos devido a um glaucoma congênito, seguido de catarata e de descolamento da retina.

Lucas Prado. Três ouros em Pequim-2008 (100m, 200m e 400m) e duas pratas em Londres-2012 (100m e 400m). Velocista perdeu a visão em 2002, após descolamento de retina.

Roseane Ferreira. Dois ouros em Sydney-2000 (lançamento de disco e arremesso do peso). Essa é a quarta paralimpíada de Rosinha, que perdeu a perna esquerda após um atropelamento.

Shirlene Coelho. Ouro em Londres-2012 e prata em Pequim-2008 (lançamento de dardo). Atleta teve paralisia cerebral (hemiplegia) ainda em sua gestação, afetando alguns movimentos.

Yohansson Nascimento. Ouro (200m) e prata (400m) em Londres-2012, prata (revezamento 4x100m) e bronze (100m) em Pequim-2008. O corredor nasceu sem as duas mãos.

Dirceu Pinto. Quatro ouros na bocha em Pequim-2008 e Londres-2012 (individual e em duplas). Tornou-se cadeirante por causa de uma doença degenerativa muscular.

Eliseu Santos. Ouro (dupla) e bronze (individual) na bocha (dupla) em Pequim-2008 e em Londres-2012. Perdeu os movimentos dos membros superiores por um distrofia muscular.

Maciel Santos. Ouro na bocha em Londres-2012 (individual). Ele nasceu com paralisia cerebral.

Jovane Guissone. Ouro na esgrima em Londres-2012 (espada). Ele teve lesão medular por causa de disparo de arma de fogo em assalto.

Cassio Reis. Ouro em Londres-2012 com a seleção do futebol de 5. Um descolamento de retina seguido de catarata tirou sua visão.

Damião Robson. Dois ouros com a seleção de futebol de 5, em Atenas-2004 e Pequim-2008. Perdeu a visão após acidente com arma de fogo.

Gledson Barros. Ouro em Londres-2012 com a seleção do futebol de 5. Uma atrofia no nervo óptico de Gledson tirou sua visão aos 6 anos.

Jeferson Gonçalves. Dois ouros com a seleção de futebol de 5, em Pequim-2008 e em Londres-2012. O melhor jogador do mundo em 2010 perdeu a visão aos 7 anos (glaucoma).

Raimundo Nonato. Ouro em Londres-2012 com a seleção do futebol de 5. Nonato nasceu praticamente sem enxergar devido a uma retinose.

Ricardo Alves. Dois ouros com a seleção de futebol de 5, em Pequim-2008 e em Londres-2012. Foi eleito o melhor jogador do mundo em 2006 e em 2014. Perdeu a visão por causa de um descolamento da retina aos 6 anos.

Severino Gabriel. Três ouros com a seleção de futebol de 5, em Atenas-2004, Pequim-2008 e em Londres-2012. Ele nasceu com glaucoma e ficou cego gradativamente.

Antônio Tenório. Quatro ouros no judô (100kg), em Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004 e em Pequim-2008, além de um bronze em Londres-2012. Perdeu a visão do olho esquerdo por causa de um descolamento de retina e do direito por causa de uma infecção.

André Brasil. Sete ouros na natação e três pratas (Pequim-2008 e Londres-2012). Ele teve poliomielite aos três meses de idade (reação à vacina) que deixou sequela na perna esquerda.

Clodoaldo Silva. Seis ouros (Atenas-2004), seis pratas (Pequim-2008, Atenas-2004 e Sidney-2000) e um bronze (Sidney 2000) na natação. Teve paralisia cerebral, ao faltar oxigênio no parto, perdendo o movimento das pernas.