Cotidiano

Policia invade restaurante tomado por terroristas em Bangladesh

DACA — Após mais de 11 horas de cerco, forças de elite de Bangladesh, incluindo comandos da Marinha, invadiram na manhã deste sábado (horário local), um restaurante onde terroristas supostamente ligados ao Estado Islâmico (EI) fizeram reféns na zona diplomática da capital de Bangladesh. Foram ouvidos tiros e duas grandes explosões. Pelo menos dois policiais morreram em uma operação mais cedo e mais de 40 pessoas ficaram feridas. Algumas horas após o início da invasão — que começou pouco antes das 21h de sexta-feira — o EI reivindicou a autoria do ataque nas redes sociais e divulgou fotos através da agência Amaq — que pela qual costuma emitir comunicados. Alguns dos 20 reféns conseguiram escapar, entre eles um argentino.

— Foi um momento horrível. Nasci de novo e hoje é também o meu aniversário — disse Diego Rossini, chef do local, que não soube precisar o número de mortos. — Era um dia de pouca clientela e o restaurante estava vazio.

De acordo com o grupo extremista, o atentado teria deixado mais de 20 mortos de diferentes nacionalidades — o que foi negado pela polícia. Mas especialistas de Inteligência americanos afirmaram que, com base em operações anteriores, é mais provável que um braço da al-Qaeda na região tenha conduzindo o ataque.

A elite das forças de segurança foi espalhada no bairro, e o chefe da unidade, Benazir Ahmed, disse aos repórteres que estava tentando fazer contato com os criminosos para negociar. Na primeira tentativa de tomar o local, dois policiais morreram e três ficaram feridos ao serem atingidos por disparos.

— É uma missão suicida, e os atacantes não querem negociar nada — explicou o embaixador italiano em Daca, Mario Palma.

O dono da Holey Artisan Bakery escapou do ataque. Ao jornal local “Dhaka Tribune”, ele contou ter visto entre seis e oito homens armados, que teriam feito 20 reféns. O governo, porém, falou em oito ou nove terroristas. Sumon Reza, um dos gerentes do estabelecimento, também conseguiu fugir pelo telhado para uma loja vizinha. Segundo ele, os atiradores aparentavam ter menos de 30 anos e carregavam pequenas armas de fogo — pelo menos um deles tinha um objeto cortante. A testemunha também afirmou que eles gritavam “Allahu Akhbar” (“Deus é grande”) durante a invasão.

— Eles lançaram granadas, desencadeando pânico. Carregavam pistolas, espadas e bombas. Eu consegui escapar da confusão — relatou.

O tiroteio aconteceu perto do Nordic Club, local bastante frequentado por expatriados dos países nórdicos. A embaixada do Qatar também fica perto do restaurante.

Funcionários de hospitais da região confirmam que pelo menos 25 pessoas, entre policiais e civis, estavam sendo atendidos com ferimentos, dez em estado crítico. De acordo com o “Dakha Tribune”, um chefe da polícia confirmou que há pelo menos 20 policiais hospitalizados. Outra rede de televisão local contou 35 pessoas em diferentes hospitais da região.

Desde 2013, o extremismo islâmico no país atinge escritores e blogueiros laicos, professores e membros de minorias religiosas como hindus, cristãos e budistas. A autoria dos ataques foi atribuída a militantes radicais e parece ter como objetivo silenciar os críticos da religião. Foram mais de 50 mortos em três anos.