Cotidiano

Onde, como e por que tomar a vacina contra febre amarela

64660934_PA Rio de Janeiro RJ 26-01-2017 O retorno da febre amarela - Agentes de saude de Imbe d.jpg

RIO ? Desde que o surto de febre amarela começou em Minas Gerais, no final de dezembro, a doença vem alarmando não só mineiros, mas também moradores dos estados vizinhos. O Espírito Santo, que estava livre da doença desde os anos 1940, já tem casos confirmados de febre amarela e passou a vacinar boa links vacina febre amarela parte de sua população. O Rio de Janeiro também iniciou, em 28 de janeiro, uma campanha de vacinação nos municípios que têm áreas rurais e ficam próximos à divisa mineira. De início, eram 16 cidades, mas a Secretaria estadual de Saúde decidiu expandir esse cinturão para 21 cidades, por cautela.

Não há, até o momento, nenhum caso suspeito de febre amarela em terras fluminenses. Nem sequer foram encontrados macacos mortos com a doença do estado do Rio, que é o principal sinal de circulação do vírus. Com o bloqueio vacinal, é justamente isso que o governo do Estado busca evitar. E as autoridades ressaltam: apenas quem está nesses 21 municípios ou vai viajar para uma região onde a doença é endêmica deve se vacinar. Como muitos estão se vacinando no Rio sem necessidade, a vacina já está em falta nos postos de saúde da rede pública para quem realmente precisa.

Veja abaixo as respostas para as principais dúvidas sobre a vacina da febre amarela:

Quem deve tomar a vacina?

No Brasil, 18 estados mais o Distrito Federal têm indicação para a vacina. Alguns deles, como Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Pará, estão completamente dentro da zona de recomendação. Outros, como Bahia, São Paulo e Paraná, têm somente parte de seu território dentro dessa zona. Além disso, devido ao atual surto, algumas áreas do Espírito Santo e do Rio de Janeiro estão com recomendação temporária para a vacina. O Ministério da Saúde disponibiliza a lista completa dos municípios onde a imunização é recomendada.

Quem são os moradores do estado do Rio de Janeiro que precisam se vacinar?

No Rio, foi criada uma zona de bloqueio, para impedir que o vírus da febre amarela entre no estado vindo de Minas Gerais e do Espírito Santo. Devem se vacinar as pessoas que moram nas cidades de Cantagalo, Carmo, Comendador Levy Gasparian, Bom Jesus do Itabapoana, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, Varre-Sai, Rio das Flores, Quatis e Itatiaia. Além destas cidades, haverá áreas específicas de vacinação dentro dos municípios de Campos dos Goytacazes, São Francisco de Itabapoana, Itaperuna, Sapucaia, Três Rios, Paraíba do Sul, Resende e Valença, não sendo recomendada a vacinação de toda a população destas seis cidades. Em todas as áreas recomendadas, pessoas com idades de 9 meses a 60 anos devem receber a imunização.

Em que situação as pessoas que não moram nessas regiões do Rio devem se vacinar?

Somente se estiverem com viagens programadas para áreas do país ou do exterior com recomendação de vacinação. É preciso tomar a vacina pelo menos dez dias antes do início da viagem, uma vez que a imunização só faz efeito entre o 7º e o 10º dia após a dose.

Quais países exigem vacina contra febre amarela?

Além do Brasil, a vacina é recomendada em algumas nações da América Latina e da África, como Equador, Bolívia, Congo e Angola. A lista completa, em inglês, é disponibilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quanto tempo dura a vacina?

A vacina garante a imunidade por dez anos, quando é preciso tomar uma nova dose. Após a segunda dose, não há mais necessidade de tomar uma nova vacina.

Uma dose já protege para toda a vida ou são necessárias duas?

A OMS afirma que apenas uma dose é necessária, mas, por cautela, o Ministério da Saúde recomenda que se tome duas doses, para garantir que a imunização não se perca em algum momento da vida. Se a criança nascer em uma área onde a doença é endêmica, precisa tomar a primeira dose aos 9 meses de idade e a segunda, aos 4 anos. Se o tempo da primeira dose passar e a criança só vir a tomá-la aos 3 anos, por exemplo, continua tendo que tomar o reforço aos 4, desde que haja um intervalo de ao menos seis meses entre as duas doses. Para todos os que tomaram a primeira dose já com 5 anos ou mais, o reforço deverá ser feito apenas dez anos mais tarde.

Qual é a orientação para quem perdeu o cartão de vacinação e não sabe qual é a própria situação vacinal?

A recomendação é para que a pessoa procure o serviço de saúde que costuma frequentar para tentar resgatar seu histórico. Caso isso não seja possível, ela deve iniciar o esquema vacinal normalmente, tomando as duas doses necessárias.

Onde tomar a vacina contra febre amarela?

Ela é disponibilizada gratuitamente em postos de saúde da rede pública de todas as cidades do país. Na cidade do Rio, e a vacina da febre amarela é oferecida nas unidades chamadas de Centros de Municipais de Saúde (CMS), como o CMS Heitor Beltrão, na Tijuca, e o CMS João Barros Barreto, em Copacabana. A vacina também pode ser tomada em clínicas particulares, que cobram por dose.

Quanto custa a vacina?

Cada dose é aplicada a um preço que varia de R$ 150 a R$ 240, segundo levantamento do GLOBO feito com dez redes de clínicas privadas da cidade do Rio de Janeiro.

É preciso comprovar que está com viagem marcada para ter direito à vacina nos postos da rede pública?

Não. Os postos não podem solicitar qualquer tipo de comprovação, mas a Secretaria estadual de Saúde pede que as pessoas não tomem a vacina se não vão viajar para lugares onde ela é necessária.

Quais são as contraindicações da vacina?

Ela é contraindicada para gestantes, mulheres que estejam amamentando, pessoas com alergia a algum componente da vacina e alergia a ovos e derivados; pessoas com doença febril aguda, com comprometimento do estado geral de saúde; pacientes com doenças que causam alterações no sistema de defesa (nascidas com a pessoa ou adquiridas), assim como terapias imunossupressoras tais quais quimioterapia e doses elevadas de corticosteroides, por exemplo. A vacina também é contraindicada para indivíduos portadores de lúpus Eritematoso Sistêmico ou com outras doenças autoimunes; pacientes que tenham apresentado doenças neurológicas de natureza desmielinizante (Síndrome de Guillan Barré, ELA, entre outras); pacientes transplantados de medula óssea; pacientes com histórico de doença do Timo; pacientes portadores de HIV/Aids; e crianças menores de 6 meses de idade.

Tomar junto com outras vacinas é perigoso?

Sim, crianças não devem receber as vacinas tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela) junto com a vacina contra a febre amarela. O intervalo entre elas deve ser de 30 dias. Não há problema em relação a outros tipos de vacina.

Crianças com menos de 9 meses de idade podem se vacinar?

Normalmente, a primeira dose da vacina da febre amarela é dada a crianças de 9 meses. Em casos de surto, quando o risco de se infectar é alto, permite-se vacinar bebês a partir dos 6 meses, o que está sendo feito em Minas Gerais. Mas, na vacinação de bloqueio no estado do Rio de Janeiro, isso não será feito, por se entender que não há alto risco dentro do estado.

Qual a probabilidade da entrada do vírus da febre amarela no estado do Rio?

Com base em avaliações dos cenários epidemiológicos, a Secretaria estadual de Saúde do Rio afirma que é pouco provável a entrada do vírus no território fluminense. A imunização da população que vive nas divisas com MG e ES é uma medida preventiva, uma vez que tais estados estão registrando casos da forma silvestre da doença. Com a vacinação de bloqueio, espera-se garantir a criação de um cinturão para tenar evitar a entrada do vírus. No estado do Rio de Janeiro, não há registros de casos autóctones (transmitidos dentro do estado) há mais de 70 anos. Portanto, o Rio não é uma região endêmica para febre amarela.

O que é febre amarela?

Há dois tipos: a silvestre e a urbana. As duas são causadas pelo mesmo vírus e causam a mesma doença, mas se diferem pelo vetor de transmissão. A urbana é transmitida pelo Aedes aegypti e, de acordo com o Ministério da Saúde, desde os anos 40, o Brasil não registra casos deste tipo da doença. Já a silvestre é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, insetos que vivem estritamente na mata. A febre amarela silvestre é endêmica em algumas regiões do país, principalmente na região amazônica. Os sinais e sintomas mais comuns da doença são: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos que duram, em média, três dias. Nas formas mais graves da doença, podem ocorrer icterícia (olhos e pele amarelados), insuficiências hepática e renal, manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. Trata-se de uma doença infecciosa febril aguda, transmitida exclusivamente pela picada de mosquitos infectados.