Cotidiano

Lançamentos e show celebram 110 anos do frevo

CRISTINA AMARAL_ VictorGiovanni.jpgRIO – Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO desde 2012, o frevo completa 110 anos nesta quinta-feira – sua data de nascimento é considerada o dia em que a palavra “frevo” foi escrita pela primaira vez, na seção carnavelesca do extinto “Jornal Pequeno”, de Recife. Este ano, o aniversário do ritmo e da dança, típicos da capital pernambucana, não passa em branco: uma série de lançamentos e um show marcam a data.

A cantora Cristina Amaral coloca nas lojas e plataformas o EP “Chuva de alegria”, que traz como convidada Gaby Amarantos; Nena Queiroga ataca com o DVD “Pernambuco para o Mundo”, com Ivete Sangalo e Maria Gadú; o jornalista e crítico de música José Teles assina “A Voz do Frevo”, biografia de Claudionor Germano, 84 anos, o mais antigo cantor de frevo em atividade; e Romero Ferro, 25, garante a renovação com o show “Frevália”, em que mostra sua visão bem pessoal e moderna do ritmo.

– A paixão pelo frevo está no DNA do pernambucano. Mas quem pensa que o gênero vive do passado, está enganado. Todos os anos, principalmente nesse período pré-carnavalesco, vários discos chegam às lojas. Se depender da gente, ele não vai morrer nunca – diz Cristina Amaral, que, além de cantar “Doce Vendaval” com Gaby, também convocou outro paraense para a folia. – Arthur Espíndola gravou comigo o frevo de bloco “Recife Manhã de Sol”, do grande Jota Michiles. Fiquei bem feliz com o resultado.

Já Nena Queiroga, irmã do compositor Lula Queiroga, lança seu primeiro DVD acompanhada de grandes nomes da MPB, mas sem esquecer de conterrâneos como Ed Carlos e Gustavo Travassos.

– Essa é a turma que está comigo defendendo a bandeira do frevo o ano inteiro. Não poderia deixá-los de fora – comenta a cantora.

Romero Ferro – Frevália – Banho de Cheiro Representante da nova geração, Romero Ferro flerta com a tradição, ao mesmo tempo em que acrescenta um tempero contemporâneo ao gênero. O resultado é o novo show “Frevália”, que mistura no roteiro clássicos como “Banho de Cheiro” e composições autorais.

– Tiramos os metais, que são muito marcantes no frevo, e transferimos as frases para as guitarras e sintetizadores. É uma ousadia para ouvidos mais conservadores. Mas arrisquei e a resposta tem sido ótima – celebra Romero.
E não se pode falar em frevo sem lembrar de Claudionor Germano, que aos 84 anos continua em plena atividade. O cantor, que gravou seu primeiro disco nos anos 1950, tem sua história repassada no livro “A Voz do Frevo”, da Coleção Memória.

– Durante muitos anos, até pelo menos a década de 1970, ele foi o único a gravar discos inteiramente de frevos. Muitos clássicos foram lançados em sua voz – revela o biógrafo José Teles.

Todos esses nomes, incluindo o veterano Claudionor, estão com a agenda cheia até o Carnaval, cuja abertura oficial acontece na sexta, 24, no Marco Zero do Recife, com um grande show do homenageado da folia esse ano, o cantor Almir Rouche.

– Levarei para o palco todos os artistas que fizeram parte da minha trajetória, de Jota Michiles a Marron Brasileiro – diz Almir, que terá Cristina Amaral e Nena Queiroga no seu palco. – Aqui no Recife, todos vibram com o sucesso um do outro. O frevo nos une.