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Inspetora da queda do avião da Chapecoense vem ao Brasil buscar refúgio

LA PAZ, 5 (AG) – Uma semana depois da queda do avião da Lamia, que levava a Chapecoense a Medellín, na Colômbia, as investigações buscam esclarecer as causas e os envolvidos no acidente, que matou 71 pessoas, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulação.

As conexões feitas até o momento chegaram ao presidente Evo Morales. O gerente-geral e um dos sócios da empresa, Gustavo Vargas, fez parte do grupo aéreo da presidência. Além de Morales, ele pilotou para outros mandatários, como Gonzalo Sánchez de Lozada, Hugo Banzer e Jorge Tuto Quiroga.

O governo, porém, combateu prontamente as tentativas de ligarem o presidente ao acidente. O ministro da Defesa da Bolívia, Reymi Ferreira, considerou que o fato está sendo usado politicamente.

? O presidente não assina planos de voo. Mas, se vamos entrar no tema político, tínhamos que perguntar a quem põe manchetes sensacionalistas, que não falam que o piloto e dono da empresa é filho político de Roger Pinto (ex-senador da oposição exilado no Brasil) ? argumentou Reymi Ferreira, acrescentando que o acidente é um caso isolado na aviação do país. ? Cada vez temos mais segurança nos voos. Este fato é único, tem nome e sobrenome, três ou quatro responsáveis. Um plano de voo foi aceito incorretamente. Violou-se um protocolo que é fundamental, e isso é um erro pessoal.

Outra conexão une Vargas ao principal órgão da aviação boliviana. Seu filho Gustavo Vargas Villegas é diretor de Registro Aeronáutico Nacional da Direção Geral de Aeronáutica Civil da Bolívia (DGAC). O DGAC e a Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana) são entidades de controle do país.

Logo depois que foi divulgado o documento de Celia Castedo, inspetora da Aasana que contestou o plano de voo por causa do pouco combustível mas concedeu autorização para a aeronave decolar do aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, dois executivos foram suspensos, além da própria funcionária. Até ontem, a denúncia contra Castedo não havia sido analisada nem decidido para qual departamento seria encaminhada.

Nesta quarta-feira, em Santa Cruz de la Sierra, autoridades da aviação civil da Bolívia, no Brasil e da Colômbia vão se reunir para trocar informações sobre os mecanismos de controle e procedimentos de cada um dos países.

No encontro, vão ser detalhados os responsáveis pelos voos que partem, passam e aterrissam nos três territórios. Ao final do encontro, as autoridades devem emitir um comunicado a respeito do caminho que se dará às investigações.