Policial

Do Val: ?São dois mundos completamente distintos?

Cascavel – Instrutor da Swat há 16 anos, Marcos Do Val utiliza as redes sociais para comentar as diferenças entre o cotidiano da polícia americana e a realidade vivida por profissionais de segurança pública do Brasil. Dentre os principais problemas citados por ele está a desvalorização dos policiais, tanto por parte do governo como também da sociedade. “A diferença é muito grande. O reconhecimento que a sociedade americana tem do policial e o reconhecimento no Brasil é muito diferente. São dois mundos completamente distintos. E é isso que eu tenho feito nas minhas redes sociais, mostrar para a sociedade que a grande maioria dos policiais faz um trabalho excelente”.

Com mais de 3,2 milhões de seguidores em seu perfil do Facebook, em sua grande maioria brasileiros, Do Val afirma que apenas mudanças na legislação seriam capazes de mudar o panorama da segurança no País, destacando que “os policiais brasileiros têm muita vontade de exercer a profissão”.

“A legislação precisa ser rígida. O policial não pode ter a sensação de estar ‘enxugando gelo’, porque desmotiva bastante. Desmotiva mais que o próprio salário, mais que a própria situação estrutural. Nos Estados Unidos há prisão perpétua e até pena de morte. Se você cometer uma infração, vai ser severamente punido e é isso que falta no Brasil”.

Do Val relata ainda que a sociedade precisa mudar sua visão em relação ao policial, respeitando o profissional e o trabalho por ele exercido. “Todo o peso do que acontece no País cai sobre as costas do policial. Todo mundo acha que é ele o responsável pela situação, pelos crimes. Mas a culpa é da legislação, que permite essa impunidade”.

Jogos Olímpicos

A uma semana para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a segurança no País tem sido o principal ponto de preocupação. Na opinião de Marcos Do Val, o Brasil está preparado para receber um evento deste porte, mas que investimentos devem ser feitos para que as mudanças sejam sentidas em longo prazo. “Para os terroristas tradicionais, o Brasil está superpreparado, até porque vários países estão interligados, trabalhando em conjunto para garantir a segurança. Em relação aos policiais que estão trabalhando, tenho certeza que vão dar a vida por isso, não tenho dúvida da capacidade deles. O que falta é o que eu venho dizendo: falta vontade política, mais investimentos, mais treinamentos, melhores salários, mudança no Código Penal. Assim, o Brasil vai estar pronto não só para os Jogos Olímpicos, mas para a vida toda”.