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Cristiano Ronaldo dedica o título europeu a todos os imigrantes

Cristiano Ronaldo não é craque apenas dentro do campo. Em meio a uma onda de intolerância que toma conta da Europa com o referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia e a rejeição a imigrantes que saem de zonas de guerra em busca de uma vida melhor no Velho Continente, o atacante português dedicou o primeiro título da história de Portugal na Eurocopa a todos os imigrantes.

– É um troféu para todos os portugueses, para todos os imigrantes, todas as pessoas que acreditaram em nós. Estou muito feliz e muito orgulhoso – disse o atacante de 31 anos.

Portugal foi campeão graças a um gol decisivo de Éder, jogador nascido em Guiné-Bissau, na África, e que entrou no segundo tempo para balançar as redes do goleiro LLoris na prorrogação.

Dos 23 campeões portugueses, nove nasceram em outros países. Além de Guiné-Bissau, há atletas de Cabo Verde, Angola e até França, Alemanha e Brasil, representado pelo zagueiro Pepe, que se transformou num dos grandes jogadores da final e, assim como Ronaldo, foi duplamente campeão europeu neste ano. Ambos já haviam conquistado a Liga dos Campeões da Europa pelo Real Madrid.

A conquista de Portugal ganhou contornos dramáticos depois que Ronaldo se machucou ainda no início da partida após uma entrada dura de Payet. Mesmo com muitas dores no joelho esquerdo, o craque ainda tentou permanecer em campo, mas as dores eram muito grandes e ele acabou saindo de maca e aplaudido por todo o Stade de France.

A partir daí, Ronaldo se converteu no líder que já vinha sendo em toda essa Eurocopa. Incentivou a equipe, gritou do lado de fora, disse que Éder faria o gol da vitória e, por último, chorou de alegria pela conquista inédita. Um sonho realizado.

– Somos os melhores da Europa. Mostramos do que somos feitos. Resistentes, unidos, capazes de superar qualquer dificuldade – disse o craque, prevendo que milhares de portugueses estarão aguardando a seleção na chegada nesta segunda-feira, em Lisboa.

TÉCNICO ELOGIA O ATACANTE

Para o técnico Fernando Santos, Ronaldo foi fundamental na conquista, mesmo estando de fora na final.

– O fato de ele ter estado no banco de reservas e no vestiário foi um grande apoio para motivar os jogadores e quero agradecê-lo por isso.

Para o treinador, Portugal mostrou um futebol solidário e organizado e mereceu conquistar o troféu depois de tantas gerações de jogadores talentosos que não conseguiram chegar lá.

– Portugal teve grandes jogadores, mas às vezes faltou sorte. Neste ano, conseguimos uma boa base de jogadores jovens. Isso mostra o trabalho efetuado pela federação. Temos que acreditar nas nossas qualidades e no nosso talento. Se continuarmos jogando dessa maneira, com muita humildade, poderemos superar novos desafios – encerrou.