Cotidiano

Brasil requer reformas e medidas firmes

Um dos consensos dos empresários é que, além de reformas urgentes, o Brasil precisa de medidas que exigem firmeza e um líder capaz de conduzi-las

Brasília – Em apenas 20 dias, o presidente interino Michel Temer recebeu por duas vezes, no Palácio do Planalto, em Brasília, líderes empresariais dos mais diversos segmentos produtivos. Na primeira, ele falou da importância das empresas para o País sair da crise, voltar a gerar empregos e para tornar positivos os indicadores do PIB. Ontem, além de reforçar a necessidade de redução do tamanho do Estado e de uma carga tributária mais equilibrada, Temer também ouviu. Um dos consensos dos empresários é que, além de reformas urgentes, o Brasil precisa de medidas que exigem firmeza e um líder capaz de conduzi-las.

Dirigentes e empresários de todas as regiões brasileiras tiveram a chance de ouvir as palavras de Temer, que se dirige à classe com respeito e que divide com ela a responsabilidade de recuperar a confiança do mercado, o respeito às leis e a valorização do trabalho.

Líderes do Paraná e do Oeste também participaram da audiência, entregue eles o presidente da Faciap, Guido Bresolin Júnior, o vice-presidente da Fiep, Edson José de Vasconcelos, o presidente da Caciopar, Leoveraldo de Oliveira, e o presidente da Acic, Alci Rotta Júnior. “Todos voltamos otimistas da capital, porque há muito aguardávamos posições que, além de enfrentar a crise com determinação, mostrassem estar no caminho certo”, diz Alci.

No encontro com mais de 500 líderes e empresários, ontem, a Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendimentos entregou uma carta a Michel Temer. Nela estão apontamentos e anseios de federações e de confederações que representam mais de 15% do PIB e mais de 16 milhões de postos de trabalho. Os convidados respondem mais de 20 mil entidades organizadas responsáveis por gerar oportunidades de emprego e renda, impostos e desenvolvimento, segundo o presidente da Faciap, Guido Bresolin Júnior.

No documento entre ao presidente Michel Temer, as entidades lamentam a hostilidade que setores produtivos enfrentaram nos últimos anos, principalmente com perdas significativas à pequena e à média empresas.

Propositivo

Porém, o documento é propositivo e indica atitudes e posturas que podem recuperar a economia e a autoestima nacionais. Os empresários apontam a ausência de políticas públicas para o fomento e a manutenção de empregos, a falta de equilíbrio entre o aparato burocrático, políticas públicas assistenciais e a capacidade de o setor produtivo de custeá-las. As medidas, de acordo com a Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo, exigem firmeza e um líder capaz de conduzi-las. “É o momento de unir forças contra soluções despropositadas de aumento da carga tributária e da manutenção de um Estado inchado e incapaz de atuar. É hora de apontar soluções, travar metas e trabalho incessante em prol do povo brasileiro”.

Reformas e ajuste fiscal

Uma das queixas de quem gera empregos e oportunidades é a elevada carga tributária, principalmente quando comparada à precariedade e à insuficiência dos serviços públicos. Empresários pediram ao presidente interino Michel Temer agilidade na apresentação e aprovação, em conjunto com o Congresso, das reformas que o Brasil há tanto precisa para se modernizar.

As entidades do setor produtivo defendem as reformas tributária, previdenciária, trabalhista e a adoção de medidas de equilíbrio fiscal sem que, para isso, a atual carga tributária cresça. A aprovação do projeto das terceirizações também está na pauta, bem como a regulamentação do trabalho intermitente, de forma a propiciar, tanto ao empregador quanto aos empregados, diferentes formatos de contratos.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, peça-chave da equipe econômica do governo interino, participou dos dois encontros com autoridades empresariais de todo o País. Nas duas ocasiões, ele falou sobre seu otimismo de recuperação de fundamentos essenciais à economia nacional e do papel que, juntos, governo e setor privado, têm para melhorar de forma ampla resultados e em pouco tempo reverter a curva da recessão que tantos prejuízos trazem ao Brasil nos últimos anos.