Cotidiano

Análise: Nova lista de Janot lança luz sobre o passado

A República dormirá essa noite com parte essencial de seu vértice atrelada a um destino incerto. Nas mãos do Supremo, 83 investigações guardam, mais do que os rumos dos políticos que comandam o país, o enredo que poderá significar um impacto profundo na maneira de fazer política no país.

Cinco ministros da atual gestão, presidentes da Câmara e do Senado, potenciais futuros candidatos à Presidência, ex-presidentes da República (cujas investigações descerão à primeira instância): todos diante de um novo escrutínio ? a investigação funda sobre as pistas indicadas pelos delatores da Odebrecht.

Os ventos que há três anos alçam à Lava-Jato a um marco inegável no combate à corrupção agora levam a investigação ao cume. Um momento de instabilidade inevitável na cúpula da política, mas também de oportunidade única para mudanças essenciais ao viciado processo eleitoral brasileiro.

Nunca se viu tanta sinceridade dos agentes envolvidos em campanhas como nesses dias que antecederam a divulgação da segunda etapa da Lista de Janot. De Emílio Odebrecht a José Eduardo Cardozo, passando por Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, todos falaram com clareza sobre o uso de caixa 2 nas campanhas políticas das últimas décadas. Relativizando ou naturalizando.

A ventania é chance para clarear o futuro. Porque começou jogando luz sobre um passado, até então de conhecimento de poucos.