Cotidiano

Acusada de racismo é detida em lanchonete de Niterói

RIO ? Uma mulher foi detida sob suspeita de cometer crime de injúria racial contra três pessoas neste domingo, na lanchonete que fica dentro do Terminal Rodoviário João Goulart, em Niterói, conforme noticiou o site G1. Entre as vítimas, está uma funcionária da lanchonete. A mulher suspeita de cometer o crime foi chamada de racista por um grupo de pessoas que testemunhou o caso e acabou conduzida por policiais militares à 76ª DP (Niterói).

De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil, a suspeita foi ouvida na delegacia e liberada após pagamento de fiança, cujo valor não foi informado. As circunstâncias do crime estão sendo investigadas.

Segundo a vítima, que pediu para não ser identificada e trabalha como caixa do estabelecimento, o fato aconteceu por volta das 8h, quando a cliente, de 58 anos, a ofendeu e disse: “Falei porque você é preta. Falei mesmo”.

A técnica de enfermagem Gisele Costa, de 46 anos, que esperava na fila para ser atendida na lanchonete, intercedeu em favor da atendente e rebateu a atitude da mulher: “A senhora sabia que racismo é crime?”, questionou, enquanto registrava a cena com o celular.

– Para mim é uma questão de caráter, porque eu sou negra, mas, mesmo se eu não fosse, a minha reação seria a mesma. Ela não queria ser atendida por uma negra e estava tratando a funcionária mal – disse Gisele.

A técnica de enfermagem contou que a suspeita, como resposta, teria dito: “No que você está se metendo, você é sapatão? Se eu sou racista, o problema é meu”.

Gisele relata que, nesse momento, a vítima começou a chorar, mas foi encorajada por ela e por outros funcionários a registrar ocorrência na delegacia.

Ao chegar á 76ª DP, outro funcionário da lanchonete fez nova reclamação contra a suspeita, alegando que ela também já havia ido no dia anterior ao local e protagonizado outra cena de preconceito.

– Ela disse que o mate estava uma porcaria, jogou o copo no chão e disse para o funcionário limpar – detalhou Gisele. – É incabível. Estamos no século XXI. Não vou admitir isso nunca.

A vítima disse estar muito assustada com o que aconteceu e que tem medo de ocorram outras agressões semelhantes.

– Não quero falar sobre isso no momento. Estou muito triste, magoada, estou sem chão. Quero ficar em silêncio – explicou.

Há pouco mais de uma semana, no sábado, dia 28, uma mulher de 58 anos foi presa por injúria racial no Leblon, na Zona Sul do Rio. Segundo testemunhas, Maria Francisca Alves de Souza, de 58 anos, teria insultado, com palavras de cunho racista, um funcionário negro da rede de supermercados Zona Sul. Ela chegou a ser levada para um presídio, mas ganhou liberdade um dia depois.