Cotidiano

34 mil frangos morrem por falta de ração

Cascavel – A crise na agricultura, por conta da falta de milho no mercado, já afeta os produtores de frango em Cascavel. Somente em uma propriedade, na Colônia Barreiros, mais de 34 mil aves, que estavam com 35 dias de vida, morreram de fome.

O motivo, segundo o agricultor Altair Gomes, é que desde quarta-feira da semana passada a empresa à qual ele é integrado, não faz a entrega de ração. “Liguei lá várias vezes, expliquei toda a situação e o que me disseram é que não podem fazer nada porque não tem milho”.

Conforme o agricultor, os dois aviários, um com 15 mil e outro com 19 mil frangos, consomem diariamente nove toneladas de ração. “Quando vimos que estava faltando tentamos dar uma economizada, mas foi insuficiente pela quantidade de dias”.

Em uma área atrás dos aviários, uma retroescavadora fazia uma vala para enterrar os animais que morreram. “Os animais estão comendo uns aos outros para não morrer de fome. A orientação que tivemos do técnico é que todos sejam sacrificados”.

Questionado em relação ao prejuízo, com lágrimas nos olhos o produtor disse que ainda não sabe quem vai auxiliá-lo. “Cada aviário iria nos render R$ 18 mil a R$ 20 mil, um dinheiro que estávamos contando para pagar as nossas despesas e que, até agora, não sabemos se vamos receber”.

Segundo Altair, desde que tem aviário esta é a primeira vez que isso acontece. “E não é só na minha propriedade. Sei de outros avicultores que também perderam seus lotes porque não têm ração. Não temos para quem pedir ajuda, ninguém tem um estoque de ração prevendo isso porque, na verdade, isso nunca aconteceu”.

Frigoríficos desesperados por ração

A assessoria de imprensa do frigorífico em questão disse que a empresa desenvolve um plano de emergência para não faltar milho a ninguém, nem que seja para enviar o mínimo possível de ração e não deixar nenhum integrado desassistido, mas ocorre que a crise de desabastecimento de milho chegou a um patamar quase insustentável. Há alguns meses as negociações se davam em torno do preço, bastante elevado pela saca do cereal, ocorre que agora o que falta é o produto, nem que seja pagando mais por ele.

A assessoria disse ainda que todos os frigoríficos passam por este momento crítico. “O pouco de milho que conseguimos comprar, estamos tentando distribuir a ração de forma parcimoniosa para que não falte a ninguém. Pode haver em alguma propriedade uma situação mais crítica, mas temos mantido uma entrega mínima”, afirma.

A luz no fim do túnel pode estar na colheita da safrinha que se inicia em alguns dias, mesmo assim existem outras preocupações como, por exemplo, o preço pago pelo cereal no mercado internacional, o que tem feito muitos produtores optarem pela exportação. Os estoques reguladores do governo não são suficientes para manter o mercado interno, o que implica na potencialização da crise.

Informações extraoficiais dão conta que frigoríficos do Oeste e do Sudoeste do Paraná estariam dando férias coletivas e suspendendo os abates, momentaneamente, por falta de ração. Haveria ainda uma unidade substituindo o milho por triguilho nos compostos para alimentar os animais. A reportagem tentou contato com o frigorifico, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.